Adilson Cardoso
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Montes Claros volta ao mundo encantado das fábulas. O grupo Os 10+ novamente nos presenteia com a trama interativa do reino da inocência. A peça A anta, o lobo e os três porquinhos não agrada somente as crianças, os adultos também são envolvidos pela sagacidade da anta, que quer ficar bem com todos e ao mesmo tempo faturar com seu ofício de corretor desonesto. Dito, Quinzinho e Tião são os três porquinhos que, a exemplo do conto infantil, são perseguidos pelo lobo mau que, além da sua vontade predadora de comê-los, também tem intenção de ficar com a terra que é deles.
O espetáculo já foi visto por mais de cinco mil pessoas em suas mais de 20 apresentações, e causa grande expectativa ao simples anúncio. Na platéia, a criançada não se contém, defensores naturais dos porquinhos são levados pelo ímpeto da interatividade, roem as unhas, gritam, à beira de entrar de vez na cena.
Os pais, naquele momento, se envolvem numa aura tão mágica que se esquecem da idade e dos compromissos de gente grande, alguns na ação do transe delicioso da plenitude juvenil, quando se dão conta de si estão de pé torcendo para que o sopro do lobo mau não faça efeito na casa de pedra de Quinzinho.Tudo isto e muito mais dessa adaptação do mestre Batista, a obra dos irmãos Grimm acontecerá no Centro Cultural no dia 05 de abril, às 20h, e no dia 06 de abril, às 11h da manhã, trazendo no elenco Diógenes Câmara, que dirige e atua no papel da anta, Bira Moreira como o lobo mau e Gilmar Honorato, Rodinaldo Brito e Ernane Pimenta como os três porquinhos. Custa apenas três reais a entrada.
Gilmar Honorato, um dos três porquinhos, lamenta as dificuldades para se montar um espetáculo, alega que a cidade oferece muito pouco para o crescimento desta arte. Segundo ele, tudo é muito caro, de transportes à montagem de cenários até a divulgação. Gilmar é um artista que Montes Claros já conhece há bastante tempo e o admira pelo talento e garra em lutar para o reconhecimento do teatro. Passou pelo grupo Caminhos na encenação da Paixão de Cristo, pelas veias doloridas de Morte e Vida Severina do saudoso João Cabral de Melo Neto, aos trejeitos de Dirceu Borboleta em O Bem Amado, e enlouqueceu o público de risos como um louco em As Dez Mais do Cortex Cerebral, além de uma série de outras belíssimas participações. Doando-se inteiramente em nome da vida, pois, além de praticar essa ação de descontrair o ser, também cuida na hora da dor, com seu oficio de técnico em enfermagem da Santa Casa e pelas ruas, quando é solicitado nos serviços do Samu.
E vamos ocupar todas as cadeiras, esqueceremos que os homens fabricaram armas para atirar em si mesmos, que aumentaram as desigualdades sociais no mundo, que fizeram a fome proliferar nos longínquos vales da morte. Vamos apenas sorrir, rolar de rir das trapalhadas do lobo e das confusas tentativas da anta.Vamos ao espetáculo? Vamos, sim senhor!