Petrônio Braz *
O homem, como ser biopsíquico, tem sido estudado por várias escolas modernas, mas nunca foi explicado em sua totalidade. O eu fenomenológico é compreendido e definido como a personalidade concreta, que se subdivide em elementos biológicos e elementos psíquicos. O eu social, Fernando Bastos de Ávila define como o conjunto de comportamentos e de atitudes que assumimos em resposta a determinada situação social que ocupamos. O eu antológico, entretanto, de reflexão metafísica, não foi ainda explicado e compreendido.
Definindo os três princípios vitais específicos, Aristóteles usou a palavra psique para indicar o princípio vital específico de cada reino. Ao reino vegetal chamou de Phitos; ao reino animal denominou Zoos e ao homem deu o nome de Antropos.
Toda dinâmica, que define os princípios vitais do homem pluridimensional, está localizada no cérebro. O cérebro comanda o corpo. Funciona como um computador eletrônico e ao mesmo tempo como central telefônica. Ele recebe e acumula conhecimentos através dos sentidos e comanda o funcionamento dos mesmos e de todo o organismo. O estudo do cérebro como órgão biológico vem sendo feito há séculos. Muitos progressos nas ciências tiveram de esperar a invenção do telescópio ou do microscópio. Algo tão complexo como o pensamento humano teve de esperar até que existissem instrumentos à altura da complexidade do assunto. Parece que o computador eletrônico é esse instrumento.
Já se afirmou que a ciência repousa sobre a razão e a experiência, ao passo que a fé tem para base o sentimento.
Através dos sentidos, o cérebro percebe e recebe as diversas impressões e alterações do ambiente. Os sentidos seriam como as redes telefônicas, os fios e cabos que levam o mundo exterior para a mente humana. Nada está na mente que não passe primeiro pelos sentidos, como afirmou Aristóteles.
Foi registrado, há tempos, que numa casa afastada de outras, localizada numa tranqüila fazenda da zona rural de São Paulo, dona Maria, a proprietária, viúva de 47 anos, saiu assustada de sua casa, onde vivia só, assegurando a todos os vizinhos que havia visto cair do telhado, repetidas vezes, grãos de milho. Aterrorizada, chamou o administrador da fazenda que, em companhia de outras pessoas e empregados, viu latas deslocando-se, pedras caindo, vidros das janelas rompendo-se, tesouras voando em esquisitas parábolas. Nem o padre, com suas bênçãos, nem o babalaô, com seus defumadores, impediram a repetição dos fenômenos.
A história registra fatos idênticos em todas as partes do mundo, todos diretamente ligados ao homem, mas atribuídos a ondinas, fadas, gnomos, pitões, lavras astrais, gênios etc.
- Uma noite, entre outras coisas, senti realmente a pressão de uma mão que me estrangulava – relata Ecliphas Levi - Levantei-me, acendi a luz e pus-me tranqüilamente a trabalhar, para utilizar a minha insônia e afastar os fantasmas do sono. Então, os livros se deslocavam perto de mim, com ruído, os papéis se agitavam perto de mim, com ruído, os papéis se agitavam e se batiam uns contra os outros (...). Eu observava com curiosidade, mas tranqüilamente, todos esses fenômenos, que não eram menos maravilhosos se só a minha imaginação fosse sua causa, tanta realidade havia nas suas aparências.
A evidência de tais fatos chamou a atenção dos homens da ciência.
Os conhecimentos das antigas civilizações haviam desaparecido com o incêndio da biblioteca de Alexandria. Mas a posição da ciência deve ser a de estudar tais temas antes de negá-los ou afirmá-los.
As investigações iniciaram-se no campo científico e, em 1917, se publicam os resultados de experiências sobre o conhecimento extra-sensorial, realizadas na Universidade de Stanford. Chamou-se essa primeira etapa de investigação de Metapsíquica.
(Continua)
* Advogado e escritor. Presidente da ACLECIA