Inclusão

Jornal O Norte
Publicado em 15/10/2010 às 08:53.Atualizado em 15/11/2021 às 06:41.

Dom José Alberto Moura



Toda liberdade bem conduzida leva a pessoa humana a ser incluída na comunidade de modo a fazê-la realizada. Onde ela não existe, a escravidão torna a pessoa infeliz. Todos desejamos ser considerados em nossa dignidade, marcadamente com a inclusão social, facilitadora da auto-estima. Os fatores de aprisionamento são riscos marcantes para a realização humana. Deste modo, os vícios, a auto-suficiência, o egocentrismo, os descaminhos éticos e morais, as atitudes de domínio sobre os outros, o desrespeito a valores humanos e sociais, as escravidões, os servilismos, as segregações e outras atitudes de fechamento pessoal marcam o quanto é necessário o esforço de todos para a reversão desse quadro.



Jesus veio trazer a liberdade. Essa nem sempre é compreendida como erradicação total de tudo o que torna a pessoa excluída de um convívio totalmente realizador. A pior escravidão é a do ensimesmamento absolutista, fechando a pessoa para o amor inteiramente oblativo, na caracterização da doação de si para a inserção do outro no convívio de justiça e valorização de sua dignidade. O Mestre ensina a verdade do ser humano, que deve ser respeitado e amado como imagem e semelhança de Deus. No relacionamento com os dez leprosos mostrou como fazer a inclusão da pessoa na comunidade (Cf. Lucas 17, 11-19).



Para isso, é preciso curar seus males. A sociedade tem condição de sanar os distúrbios físicos, materiais, psicológicos e de ausência de ética para todos. Com isso, a inclusão social tem bom resultado. Mas a condição essencial é a de se ter a base de sustentação para se conseguir tal intento. Isso inclui o ideal de servir o ser humano como tal, dando-lhe condição de vida digna, com a consequente realização na liberdade fundamentada no altruísmo. Somente se consegue esse resultado no amor sedimentado no Criador. Sozinhos nos aprisionamos em nosso egoísmo.



Na época do profeta Eliseu, em nome do Criador, ele curou a lepra do sírio Naamã (Cf. 2 Reis 5, 14-17). Uma vez restabelecido em sua saúde, o homem doente pôde continuar sua vida com liberdade e realização. Sua auto-estima foi restaurada por bondade de Deus.



Nesse tempo de eleição dos novos governantes, é importante escolher os que manifestam real possibilidade de desenvolver ações de inclusão social com atitudes políticas voltadas para a promoção social de tantas pessoas marginalizadas. Não se trata apenas de desenvolvimento financeiro. Mais: de educação para valores éticos, morais e espirituais. Estes dão base à formação das pessoas e das famílias para uma convivência de sustentação à liberdade adequada para a superação de egoísmos excludentes, pessoal e socialmente.



As políticas de inclusão humana e social, com base na realização humana, precisam de investimento daqueles valores, que elevam a sociedade ao patamar acima do desenvolvimento e bem-estar meramente materialista. O ser humano vale mais do que os outros seres não humanos. Por isso, sua transcendência precisa ser trabalhada para sua realização plena. O próprio Jesus vem nos lembrar e trazer a novidade de salvação para todos, querendo que todos tenham vida em plenitude (Cf. Jo 10, 10).

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