HOMOCULTURA
Nome: Ronilson Gervásio de Brito
E-mail: ronilsongervasio@ibest.com.br
Cidade: Montes Claros
Telefone: (38) 9939.9202
Mensagem: UAINGS - Um arco-íris num grande sertão - Núcleo de estudos sobre homocultura: formado por pesquisadores das áreas de Ciências Humanas e Sociais, tem como objetivo principal a pesquisa e a divulgação de conhecimentos sobre a homossexualidade. 17 de maio: Dia mundial contra a homofobia. 28 de junho: Dia internacional do orgulho gay. Vade retro, preconceito! No dia 17 de maio de 1990, a assembléia geral da Organização Mundial de Saúde, órgão da ONU, retirou a homossexualidade de sua lista de distúrbios mentais, tentando liquidar mais de um século do que chamou "homofobia médica". Discriminar gays, lésbicas e transgêneros e matá-los com o aval da Lei ainda é fato considerado normal em muitos países membros das Nações Unidas. Embora entidades encarregadas de cuidar dos direitos civis – como o Comitê dos Direitos do Homem – condenem repetidamente discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero. Enquanto pessoas morrem de fome e inanição e a guerra absurda e insuflada continua acontecendo, cerca de oitenta países no mundo ainda aprisionam aqueles que sentem atração pelo mesmo sexo. Nove deles punem com a morte este "tremendo pecado": Afeganistão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Mauritânia, Nigéria, Paquistão, Sudão e o Yemen. Em 2005, a ILGA - sigla da Associação Internacional de Gays e Lésbicas - entidade que combate a discriminação e luta pela igualdade de direitos para a comunidade GLBT há 30 anos, liderou o movimento para criar um dia no calendário em que fosse exibido, com prioridade, esse comportamento abjeto e absurdo. Assim foi criado o IDAHO - 17 de maio, Dia Internacional contra a Homofobia, celebrado por mais de 40 países. A importância da presença midiática no evento é tamanha que - mesmo no Irã, onde gays são enforcados com a presença obrigatória dos pais (se não comparecerem, também serão enforcados) - a brutalidade governamental passou a ser discutida em blogs, sites e e/mails. In Memorian - Jeremy Bentham e Karl Heinrich Ulrichs Em 1785, Jeremy Bentham, que hoje poderia ser descrito como um sociólogo, escreveu o primeiro documento pró direitos dos gays conhecido na História, ao pedir uma reforma de lei na Inglaterra onde eles eram sumariamente enforcados. Temendo represálias, o seu trabalho pioneiro foi escondido até 1978. Correntes emergentes do Humanismo Secular – que se opunham ao Humanismo Religioso - imaginaram que as idéias de Bentham influenciaram a Revolução Francesa. Quando a nova Assembleia Nacional começou a esboçar as políticas e leis da República Nova em 1790, grupos de militantes em Paris pediram e conseguiram que a liberdade, igualdade e fraternidade fossem estendidas também aos que amavam diferente. Assim, em 1791, a França tornou-se a primeira nação a não criminalizar a homossexualidade. Em cada um de nós que luta pela liberdade de expressão - inclusive e principalmente sexual -, brilha um pouco da chama que alimentou a vida e os ideais Karl Heinrich Ulrichs (1825-1895), advogado alemão, ativista da causa e teórico da homossexualidade, considerado o primeiro militante assumidamente gay. Em 1862, 105 anos antes dos enfrentamentos de Stonewall (1969) que deram origem aos movimentos pelos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, Ulrichs revelou aos familiares sua orientação sexual. No entanto, precisou usar um codinome - Numa Numantius - para proteger os parentes de constrangimentos. Somente seis anos após, em 1868, ao se assumir publicamente e pagar caro pela atitude na prisão, passou a usar o nome de batismo. Que o martírio não tenha sido em vão Durante uma viagem ao Marrocos, Matthew Shepard, jovem gay americano assumido, já havia conhecido a imagem do preconceito ao ser atacado por um grupo de seis homens. Por isso, a família decidiu que seria mais prudente que ele continuasse seus estudos nos Estados Unidos, na segurança da cidade natal - Laramie - um vilarejo com cerca de 26 mil habitantes. Depois de ver seu filho, matriculado no curso de Ciências Políticas da Universidade de Wyoming, Judy Shepard voltou tranquila para casa em Dharam - Arábia Saudita - onde seu marido Dennis trabalhava como engenheiro de segurança em uma empresa de petróleo. Algumas semanas depois, na terça feira 6 de Outubro de 1998, Judy e Dennis Shepard tiveram que fazer uma angustiante viagem de volta de quase 30 horas. Antes da chegada do casal, a mídia americana havia enlouquecido e seu sobrenome ocupava as manchetes, dividindo espaço com os lances do affair Clinton/Monica Lewinsky. Matthew estava com amigos no Fireside Bar and Lounge quando foi atraído para uma emboscada por Aaron McKinney e Russell Hendersen. Golpeado inúmeras vezes na cabeça com o cabo de um revólver Magnum 357, queimado e torturado, foi abandonado inconsciente pelos agressores encostado em uma cerca, nos arredores de Laramie. Cerca de 18 horas depois, num frio congelante de outono, foi socorrido por um motorista que passava no local. Em depoimento à polícia, ele declarou que, à primeira vista, pensou que se tratava de um espantalho, tal a deformação causada pelo espancamento. Minha admiração e respeito Por Harvey Milk primeiro politico assumidamente gay que foi vítima de crime de ódio; pelos gays enforcados no Irã; pelos mortos por skinheads ou por outros gays enrustidos que não suportam o impacto de sua própria imagem vista no espelho e por Matthew Shepard; em nossa Montes Claros, que, infelizmente, também não foge a regra da violência simbólica e física, por cada um ou uma que já foi vítima de chacota, deboche, escárnio, ironia, agressão verbal; por Edson Neris assassinado em 6/2/2000 na Praça da República, São Paulo; por quem precisa viver na mentira mesmo sem desejar; por quem não tem apoio nem presença da família e pelos excomungados da Igreja Católica Romana e suas "filiais"; pela coerência dos gays e lésbicas de qualquer faixa etária e condição social que - sem medo - se assumem como tal; pelos travestis e transexuais- estes às vezes discriminados pela própria comunidade. Abaixo a opressão e a intolerância. Que a diversidade, em todas as suas formas, seja respeitada. Esse é o nosso propósito nesse imenso sertão. Atenciosamente, Ronilson Gervásio. Presidente do UAINGS. Poeta e pesquisador.
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