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Quinta-Feira,19 de Setembro

Guarda-mirim: formando cidadãos do bem

Jornal O Norte
29/07/2005 às 19:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49

Ana Lúcia Cunha


e Maria Marta Malveira




Equipe masculina da guarda-mirim em solenidade de formatura

Amor ao próximo e resgate do convívio social. Há 14 anos, a Guarda-Mirim de Montes Claros prepara jovens, até então marginalizados, tornando-os cidadãos do bem. Fundada em 3 de julho de 1992, a entidade filantrópica, sem fins lucrativos, mantém-se forte desde a sua implantação. Seu nome de origem, Associação mantenedora da guarda-mirim, foi idealizado pela delegada da Polícia Civil Maria Neuza Rodrigues e seus colaboradores: o 55º Batalhão de Infantaria de Montes Claros, l0º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Florestal, Membros do Rotary, Lions Clube, CDL, ACI, Senac, Senai, Sesi e comunidade.

Sua finalidade é amparar o menor carente, com idade de 14 a 18 anos, dando-lhe orientação religiosa, moral, cívica e social, e despertando sua aptidão profissional. A associação sobrevive de doações da comunidade e mensalidades de 70 sócios. Recebe alimentos e ajuda de empresas e comerciantes.




Desfile da equipe feminina da guarda-mirim de Montes Claros

Depois da formatura, realizada no quartel do 10º Batalhão, os menores são encaminhados e apadrinhados para estágio em empresas da cidade. A cada três meses, os guardas-mirins passam por uma avaliação escolar e sócio-econômica, sendo abordadas matérias já vistas durante o curso e a situação no estágio, no lar e na sociedade. Aos 18 anos deixam a associação, porém a maioria continua nos seus empregos já como funcionários.

A entidade, sob a coordenação da delegada Maria Neuza, desenvolve um trabalho modelo. O principal objetivo é resgatar os adolescentes da marginalidade e integrá-los na sociedade. Procura não só amparar o assistido, mas acompanhar, apoiar e reestruturar a família. Segundo a delegada, a associação é um estímulo aos adolescentes que lutam e querem crescer profissionalmente. Um exemplo de responsabilidade, integridade e de novos caminhos. “A maioria está bem empregada e com estabilidade; uns já formaram famílias, outros continuam seus estudos e são universitários. É uma oportunidade de desenvolver suas aptidões e qualidades com ética e dignidade”, diz Neuza Rodrigues.

O ex-guarda-mirim Ângelo Sidney Campos Ferreira, que é casado, hoje cursa Direito numa instituição em Montes Claros. Trabalha há nove anos em um escritório de advocacia e tem como referência a entidade. “Minhas vitórias são adquiridas com esforço, mas a Guarda-Mirim foi uma oportunidade que soube me valorizar e dar continuidade em minha vida” destaca ele.




A delegada Maria Neuza Rodrigues e o sargento PM Carlos Eduardo Torres Silva, homenageado

Para o tenente Paulo Eliedson Veloso, assessor de comunicação do 10º Batalhão de Polícia Militar de Montes Claros, “as iniciativas e projetos da Guarda-Mirim, de fato, contribuem para o crescimento de muitos adolescentes e suas famílias, porque ajuda não só na formação do jovem para a sociedade, em termos morais, éticos, religiosos, mas, principalmente, na educação disciplinar - que ajuda a preparar o convívio social”.

EM BUSCA DE UM FUTURO MELHOR

Heider Jadson Santos Dias, 17 anos, está cursando segundo ano colegial. Desde os 15 anos faz parte da Guarda-Mirim. Ele diz que buscou, a exemplo dos seus pais, motivação para, através de iniciativas próprias, construir um futuro promissor. Heider é um rapaz responsável, estudioso, que adora teatro – inclusive, já atuou no grupo Caminhos de Montes Claros. Quando surgiu a oportunidade, inscreveu-se na entidade. “As fases na Guarda-Mirim são fundamentais para o crescimento, disciplina e, principalmente, desenvolvimento no âmbito social”, afirma Heider, que alega ser uma outra pessoa depois da experiência.

A mãe de Heider, Maria Aparecida Silva Santos, diz que o filho desde cedo buscou alternativas para ajudar no orçamento familiar. Quando ficou sabendo que ele tinha se inscrito na Guarda-Mirim, ficou muito surpresa com a iniciativa dele. “Eu nunca disse para ele trabalhar, pois sei que nessa idade é difícil conseguir um emprego, ainda mais quando não se tem experiência” afirma. “Em casa, quando estou trabalhando, ele faz todos os serviços e ainda cuida dos irmãos menores. Meu filho considera a Guarda sua segunda casa. Lá, sempre fomos bem recebidos e fico feliz por ele fazer parte de uma instituição tão promissora” ressalta Maria Aparecida.

Heider Jadson, hoje, presta serviço no Banco do Brasil, atuando em várias atividades como: arquivo, office-boy, telefonista, atendimento, etc. Ele acredita que, por meio dos conhecimentos e experiências adquiridos, seu desenvolvimento profissional cresce gradativamente. Otimista, ele tem muita confiança que o futuro será promissor, graças ao incentivo da Guarda-Mirim – que foi uma dádiva na sua vida.




O guarda-mirim Helder Jadson Dias e sua mãe Maria Aparecida Silva Santos

CREDIBILIDADE QUE TRAZ PARCERIAS

Para o empresário Newton Carlos Figueiredo, do Laboratório Santa Clara, o trabalho desenvolvimento pela entidade, além da promoção social dos adolescentes carentes, oferece oportunidade de estudo e trabalho (resgatando a dignidade e auto-estima), e afasta os jovens das drogas e dos crimes. Sendo um dos colaboradores e parceiros da Guarda, sua adesão foi motivada pela credibilidade e reconhecimento do trabalho, além da disciplina e boa vontade dos guardas-mirins. As principais funções desempenhadas pelos jovens no laboratório são de office-boy e auxiliar de escritório. Os estagiários são avaliados mensalmente, através de questionário próprio. Newton Carlos classifica a Guarda-Mirim com nota dez e louvor.

A instituição tem, ainda, o apoio cultural do Conservatório Estadual Lourenzo Fernandes. Segundo Viviane Lommez, graduada em música e professora do conservatório, a Guarda é uma iniciativa relevante, pois dá oportunidades de trabalho aos jovens. Ela disse que a entidade solicitou que fosse desenvolvido um trabalho de sensibilização musical. Conforme a professora, a disciplina é bem conduzida e o desempenho dos guardas é muito bom. Os alunos são participativos e interessados. “O envolvimento tem sido extremamente produtivo. Buscamos aprimorar o gosto estético musical e, principalmente, a vivência através de atividades que estimulem a participação social”, ressalta Viviane.




Veículo usado como suporte pela guarda-mirim de Montes Claros

 

Este texto faz parte da página produzida pelos acadêmicos do curso de Jornalismo do CRECIH/Funorte


Editores: Ana Gabriela Ribeiro e Elpidio Rocha


Coordenador do curso: Ailton Rocha Araújo


Coordenadora de produção: Tatiana Murta

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