Gagueira não tem graça, tem tratamento - por Sebastião Abiceu

Jornal O Norte
Publicado em 30/10/2007 às 10:17.Atualizado em 15/11/2021 às 08:21.

Sebastião Abiceu



Dia 22 de outubro foi o “DIA INTERNACIONAL DE ATENÇÃO À GAGUEIRA”. Em 2005, pela primeira vez, houve uma campanha abrangendo todo o território brasileiro e o tema foi “Tratamento para Gagueira”. No ano de 2006, a Campanha Nacional prosseguiu e o tema foi “Causas da Gagueira” e em 2007 o tema é “Gagueira Infantil”.  Para aqueles que não sabem, a gagueira está codificada na “Classificação Internacional de Doenças “(CID 10) com os caracteres F 98.5. Desta forma, a gagueira é cientificamente considerada como distúrbio ou transtorno de fluência da fala.



Essa campanha é de suma importância, pois a gagueira pode surgir muito cedo na fala das crianças e se forem tomadas as devidas providências, junto a profissionais especializados, o problema poderá ser resolvido com mais facilidade. Muitas vezes os pais perdem a oportunidade de ajudar seus filhos por falta de maiores informações.



Existem as mais variadas falas a respeitos da gagueira. Alguns afirmam que é causada por um susto, pelo nervosismo, por imitação, pela ansiedade, por traumas ou problemas psicológicos, pelo excesso de cobrança e repreensão dos pais, pela hereditariedade, ou por um mal funcionamento do cérebro. Foram feitos os mais diversos estudos científicos sobre o assunto, mas não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva, o que existe na verdade são hipóteses.



A verdade é que os gagos vivem em uma sociedade que apenas dão conta daquilo que é manifestado, os aspectos típicos da gagueira. Mas a maioria das pessoas não consegue perceber o que é visível somente para aquele que gagueja: o sofrimento e a frustração por não conseguir falar fluentemente, o medo e a vergonha de gaguejar em determinadas situações. Se não bastasse esta situação, quem gagueja tem ainda que lidar com o preconceito e o estigma social. Existem inúmeros depoimentos de pessoas famosas que tiveram que assumir e lutar para vencer a gagueira ou conviver com ela, dentre eles podemos destacar o ator global Murilo Benício; o ator norte americano, Bruce Willis; o fonoaudiólogo Charles Van Riper; o Prêmio Nobel de Literatura de 1998, José Saramago; o nosso mestre maior da literatura, Machado de Assis; o monge Notker, o Gago (Notker Balbulus), um dos mais importantes poetas litúrgicos da Idade Média e inventor do estilo de oração declamatória cantada que foi um estilo precursor do canto gregoriano,. beatifi


cado em 1512, considerado protetor das pessoas que gaguejam e dos músicos.



O depoimento de um investigador de polícia, identificado apenas de R.F, encontrado no site do Instituto Brasileiro de Fluência – IBF, traduz o sentimento, se não de todos, com certeza da maioria daqueles que sofrem de disfluência (gagueira): “Na sociedade em que vivemos, a padronização de personalidades e condutas é o que nos aproxima para vivermos em conjunto. Deste modo, o que interessa alguém que não consegue pedir um café na padaria sem tropeçar em sílabas? O que se dirá do indivíduo que não consegue expressar suas vontades, vender sua força de trabalho durante uma entrevista, conversar com uma pessoa estranha que lhe pareça atraente? Somos desolados, excluídos, expulsos por não sermos iguais na maneira de comunicar. Nossa doença é tratada como algo menor, de pessoas menores. Nossos semelhantes são representados na imprensa como quase palhaços, colocando aqueles que sofrem deste mal como se fossem pessoas inseguras e despreparadas para atuarem na vida. Nunca vi ninguém fazer piada em uma novela com um paraplégico ou com alguém que falte qualquer dos membros. Já me acostumei com as pessoas rindo em minhas costas. Já não é surpresa ver pessoas com menos preparo se destacarem profissionalmente, mesmo eu tendo os melhores resultados, o melhor preparo, a melhor formação. Sei que terei que carregar a gagueira para o resto de minha vida, porque minha doença não faz chorar pelo horror de seus sintomas, mas faz rir pelo ridículo que sua dor provoca”.



As pessoas com disfluência querem da sociedade apenas respeito, para que possam viver com dignidade.



DICAS DE COMO LIDAR COM O PROBLEMA:



Não pedir ao gago que respire



Não pedir ao gago que mantenha calma



Deixe, sempre, que ele complete as frases que iniciou



Não demonstre tensão quando ele tentar formular frases



Seja todo “ouvidos”



Preste atenção no conteúdo da fala do gago



Diminua a velocidade da fala ao conversar com ele (especialmente quando se tratar de crianças)



Use frases mais simples e menores (no caso de crianças)



Leia historias e aumente o vocabulário da criança



Procure sempre a ajuda de um profissional especializado em distúrbios da fala.



O mais importante é que em qualquer idade, a gagueira tem tratamento.



Fonte: Instituto Brasileiro de Fluência –IBF

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