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Domingo,9 de Fevereiro

Fofoca e canja de galinha

Jornal O Norte
Publicado em 06/03/2010 às 14:26.Atualizado em 15/11/2021 às 06:22.

Marcelo Braga


Articulista


mqbraga2009@hotmail.com



Em navegação distraída pela internet, li que os homens fofocam mais que as mulheres. Faz quase um ano que a BBC Brasil comentou o estudo (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/090401_pesquisafofocaml.shtml), mas ainda posso me lembrar do gosto de meu sorriso, cheio da satisfação vaidosa que sentimos, quando nossas certezas são confirmadas por estudiosos e alardeadas pelos quatro cantos.



Sei que há alguns que estão esperando apenas que eu dê uma de profeta chato, para desistir da crônica. Acho que já li em algum lugar: “desistam do homem, mas, nunca, de suas ideias!”. Venham, prezados, vamos continuar! …



Bom, aí vão mais detalhes: “Homens passam mais tempo de seu dia fofocando do que as mulheres, segundo uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha. O estudo do instituto de pesquisas Onepoll indica que eles passam uma média de 76 minutos diários conversando sobre amenidades com amigos e colegas de trabalho, comparado a 52 minutos gastos pelas mulheres.”



É… Eis a queda de um mito.



Como são os vencedores quem escrevem a História, o machismo deve ter-se encarregado de deixar a cargo das fêmeas a pecha de conversadeiras, sempre envoltas com conversas tolas sobre fotonovelas meladas, desavenças amorosas da vizinhança ou comparativos atualizados sobre os defeitos dos maridos.



Outro dado que a pesquisa revelou pode nos ajudar a entender a sociologia da fofoca, seus motivos, lendas e consequências – “os homens fofocam mais no escritório, enquanto as mulheres preferem fazer isso em casa”. Há verdade, então, na figura daquela jovem senhora, deitada de bruços no sofá da sala, agarrada com o telefone por horas e horas a fio. Ou, sem fio… a gosto do freguês. É até difícil substituí-la por um homem em situação análoga. Agora, já se sabe que eles preferem o “cantinho do café”, para debater sobre “as peripécias de amigos bêbados e os dos tempos de escola, e as histórias em torno da mulher mais bonita do escritório”.



“Já as mulheres preferem passar o tempo reclamando de outras mulheres, falando da vida sexual dos conhecidos e comentando sobre o peso das amigas” – também uma corroboração do estereótipo criado pelos machos escribas.



Comentando sobre o peso das amigas… É! Realmente é muito mais divertido e útil comentar as peripécias de amigos bêbados. Principalmente depois da vigência da lei seca. Quem não se divertiu com a punição daquele cidadão belo-horizontino, que foi preso, bêbado e de pijama, após ter ocasionado um acidente? “Bebi… bebi… bebi… bebi…”, repetia, em seu transe. Quando eu soube que ele foi preso pela segunda vez e pelo mesmo motivo, quase pedi folga no serviço. Não haveria clima para o trabalho. Foram quase cinco horas de debates acalorados e comentários extremamente pertinentes. As três garrafas térmicas não deram conta do recado.



Um ponto de concordância entre os sexos é que "conversar com amigos, colegas e parceiros ajuda homens e mulheres a se sentirem mais à vontade", segundo a entrevista do representante da Onepoll. “Cerca de 30% dos homens disseram ficar mais felizes quando conversam com os colegas de trabalho, e 58% deles admitem que fofocar os faz se sentirem ‘enturmados’.”



Contrariamente, o ponto da discórdia foi a vexatória revelação de que “31% dos homens confessaram gostar mais de fofocar com as parceiras do que fazer sexo”. Reli essa parte da pesquisa incontáveis vezes… Já redigi uma carta para a Onepoll, só me falta enviá-la. A preferência desses 1.550 fofoqueiros (foram 5 mil os entrevistados) refere-se a quê? Talvez se lhes fossem oferecidas parceiras que transassem melhor… Ou, simplesmente, parceiras diferentes… Ou, ainda, quem sabe, uma modalidade de sexo mais condizente com cada perfil… Ah… deixemos pra lá.



A pesquisa também demonstrou o caráter terapêutico que há numa simples fofoquinha. “Entre as mulheres, mais da metade das entrevistadas disse que conversam frequentemente sobre suas vidas pessoais com as amigas.” Só mais uma demonstração de como a evolução feminina é sempre mais rápida e marcante que a masculina. Enquanto nós estamos tentando vencer constantemente – seja para conquistar o centro das atenções dos colegas ou o primeiro lugar na fila dos semáforos –, elas estão preocupadas em compartilhar suas experiências umas com as outras, para crescerem todas.



Vou finalizar com uma… revelação: falar mal das sogras também está entre os dez mais comentados assuntos femininos.



Lá em casa, posso afirmar que isso não acontece! Viu, mamãe!?

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