José Wilson Santos
Jornalista
zewilsonsantos@hotmail.com
Se o senhor é um desses caras que ainda acreditam nas profecias de Nostradamus & Companhia, pode começar a colocar as barbas de molho porque, segundo o bem informado JJ, o fim do mundo já tem nova data marcada: 21 de dezembro de 2012.
Pois é. Talvez o distinto amigo só tenha pouco mais de três anos pra se esbaldar e realizar os sonhos mais recônditos, quem sabe soltar essa louca e morrer de amor.
Amar, sim senhor! Dos verbos enroscar, lamber, morder, suspirar e aconchegar-se todos os dias à mesma mulher. Ou a quem o amigo quiser.
Saiba o senhor que se amarrar ainda é o sonho de consumo alimentado por onze em cada 10 pessoas. Mas, ainda assim, nunca na história dessa vida as pessoas tiveram tanto medo de amar e estiveram tão impessoais e tão inacessíveis como agora. Daí porque a qualidade de boa parte das relações que vingam não é lá nenhuma Brastemp. É ruim ir pra algum lugar com um pé atrás.
(Exceção, talvez, pra Amarelinha, que disse dia desses na esquina que namorar é como ver filme: o filme pode ser ruim, mas ir ao cinema é sempre bom. Tipo assim: sei lá, entende?)
Não deveria ser desse modo. Os sacrifícios que boa parte das pessoas faz pra se fazerem mais bonitas e desejadas mereciam melhor sorte. Mas qual o que: moças e moços tornaram-se, na atual conjuntura, prazeres apenas para os olhos. Malham e se anabolizam feitos condenados ao eterno esplendor físico. Marombam bíceps, tríceps e glúteos. Passam fome. Se lipoaspiram, siliconam, arrancam costelas, modificam caras e bocas e no final se exibem como troféus sem ganhadores, vagando pela vida como Narcisos que namoram a si mesmos em cada nuance refletida nos vidros dos carros e nas vitrines das lojas.
Mas, agora que o fim do mundo ta tão próximo, segundo JJ, o senhor e a senhora já podem dar um bico no medo e se escancararem para a vida, começando pelo coração, naturalmente. Gostar é atual, além de ser tão bom. Sem ‘neuras’ por causa da gordurinha teimosa, da celulitezinha ou daquela ruguinha que teima em descer pelo canto do olho ou da boca, porque são detalhes tão inerentes a nós quanto a nossa história, nossas perdas e ganhos, nossa identidade.
Talvez o senhor e a senhora estejam se protegendo a tanto tempo que esqueceram como é a satisfação de querer e ser querido. Se optarem pela redoma de vidro, fiquem vocês sabendo que estarão condenados a ela, porque a vida não dá garantia nenhuma quando o assunto em questão são as coisas do coração. Mas, embora nos pelemos de medo, é preciso encarar a aproximação. Afinal, alguém pra dividirmos a vida é tudo que buscamos.
É por essas e outras contradições, senhores e senhoras, que chegou a hora de sair por aí cantarolando ‘vem ni mim queu tô facim, facim!’ E se JJ estiver muito bem informado e o mundo vá mesmo pras cucuias em 21 de dezembro de 2012?