Daura Carvalho
Colaboração para O Norte
(Esta matéria foi, originalmente, publicada em Purity, uma revista editada pela Brahma Kumaris, em Delhi, Índia)
Pensamento é como um ponto: pequeno, compacto e todo o potencial está dentro dele. Um pensamento é como uma semente. Aquela semente pode ser tanto positiva quanto negativa dependendo dos meus modos, minha atitude, meu caráter. O pensamento cria sentimentos e sentimentos gradualmente se transformam em atitudes. A combinação destes é chamado consciência.
A consciência humana é a capacidade de pensar, a razão, o sentir, o expressar e tudo isto começa com apenas um pensamento.
Nós sempre paramos para observar nossos pensamentos? Nós sempre pensamos em colocar um freio ou um ponto final nos nossos pensamentos? Normalmente nós permitimos que eles se espalhem em todo lugar, em cada canto de nossa mente.
Pensamentos sem controle, espalhados são como um carro, indo em alta velocidade. Se um freio não for aplicado, mais cedo ou mais tarde ele baterá. Uma mente descontrolada acaba ficando muito tensa, preocupada e estressada e, nestes casos, há uma grande quantidade de dano para o eu.
Nós precisamos de um freio se a mente está se tornando cheia de paz. Paz na mente traz clareza. Quando vemos as coisas claras não há desperdício e como resultado, nos tornamos mentalmente econômicos.
O maior desejo da mente é pensar demais, especialmente pensar muito sobre os outros, sobre o que eles fizeram, o que eles deveriam ter feito, porque eles disseram isto ou aquilo, porque eles falaram desta maneira. Todos estes quês e porquês roubam a paz da mente.
Pensar muito é como comer muito. Há constante peso e uma falta de habilidade para manter leveza e flexibilidade. Nós nos tornamos armadilhados e gradualmente as coisas pequenas se tornam coisas grandes das quais nós não podemos nos livrar. Freqüentemente, quando pensamos demais criamos uma variedade de sentimentos negativos sobre as pessoas e situações.
É melhor observar antes de se tornar envolvido e reagir muito rápido.
Observar nos dá paciência e clareza para pensar e falar sucintamente.
Observar nos mantêm focalizados e por causa deste foco interno somos capazes de economizar a energia da nossa mente e das nossas palavras. Estamos constantemente sendo puxados na direção dos outros, através das palavras, das opiniões e através das circunstâncias, mas para trazer qualidade de volta para o eu, eu preciso observar a mim mesmo. Interiorizar-me de tempos em tempos me traz equilíbrio e deixo de gastar a energia dos pensamentos, das palavras e do tempo. Aprendo a pensar antes de falar, a observar antes de agir. De outra maneira há desequilíbrio indo ao extremo dos pensamentos, palavras ou ações.
Eventualmente este desequilíbrio cria desordem emocional, mental, e fisicamente. Esta desordem está expressa em cansaço e estresse, inquietação e diferentes tipos de medo.
Para manter um equilíbrio eu deveria manter meus pensamentos claros, limpos e controlados. A mente precisa ter paciência e não deve estar focada aqui e ali ao externo. Sem nenhum grau de autocontrole os outros e as circunstâncias me controlarão. Eu posso não ser assim, eu posso reagir, eu posso me queixar, eu posso explodir, mas pelo menos eu tenho que aprender a voltar para dentro e colocar um freio nos meus próprios pensamentos e sentimentos. Por causa da falta do meu próprio domínio interior, os outros me dominam. Um freio na mente significa um freio na língua. A mente e a língua têm uma conexão muito próxima. O que está na minha mente é automaticamente expresso através da minha língua.
E minhas palavras, positivas ou negativas afetam outros. Se as minhas palavras são incorretas ou impróprias elas criam sentimentos negativos e reações nos outros. E em retorno, as reações dos outros criam novas reações em mim. Este jogo de palavras e emoções ocorre diariamente e é muito desgastante.
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