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Terça-Feira,13 de Maio

Família sagrada

Jornal O Norte
Publicado em 26/08/2009 às 09:40.Atualizado em 15/11/2021 às 07:08.

Márcio Adriano Moraes


Professor de Português e Literatura


marcioadrianomoraes@yahoo.com.br


 


É tradição, quase que uma obrigação pastoral assemelhar a família terrena à Sagrada Família. Inquestionável é o exemplo de José, Maria e Jesus. Porém, apesar de ser belo espelhar neste laço santo, não somos José, nem Maria, nem Jesus. É claro que devemos contar sempre com a proteção desse pai zeloso, dessa mãe carinhosa e, sobretudo, desse Filho redentor. Mas muito diferente foi a formação desse casal e completamente sublime a gestação do filho. Aqui houve a voz explícita de Deus que enviou anjos para anunciar e guiar os pensamentos dos pais; aqui houve um Espírito que incutiu a graça no seio materno.



Diferentemente da Sagrada Família, homens e mulheres são atraídos por outros amores, alguns bem distantes do amor de Deus. Todavia, a caridade divina nunca nos abandona. É verdade que são poucos os que conseguem perceber os caminhos retos traçados pelo Senhor. Esses possuem não só olhos abertos, mas também o coração descerrado, pois permitem que a graça do Pai aí habite. Uma grande parte das famílias se une por obrigação, por formalidades sociais e só possuem a oportunidade de ouvir singelamente a voz de Deus no instante de dizer sim no altar à frente do sacerdote, diácono ou pastor.



Até os mais devotos sabem que não ouvirão nos seus ouvidos humanos uma voz semelhante à que José ou Maria ouviram. O discurso celeste é implícito. Se existe uma dúvida, se é realmente isto ou aquilo que Deus quer, basta prever o resultado, se for bom, certamente é de Deus. E se por acaso, apesar da benéfica previsão, houver algum empecilho ou dificuldade na caminhada, são provações.



Nos lares familiares, é indispensável dizer que o perdão abandonado volte a reinar. Que o bom dia conjugal seja dado com um santo beijo, e que a bênção paterna seja pedida pelos filhos não por tradição, mas por convicção. Que os maridos olhem neste instante para suas esposas e vejam nelas a mulher que os cativou há anos. Acreditem, a beleza que elas possuem hoje é muito maior que a do primeiro encontro, pois, agora, elas trazem na face o sabor de muitos beijos e carícias que ao longo dos anos brotaram dos lábios e mãos esponsais. E que as mulheres olhem para os seus maridos e enxerguem neles o mesmo homem que outrora escrevia versos e mandava flores; e que se hoje não os escreve, nem as mandam; é porque estão aguardando a caneta e a água; instrumentos necessários, ou melhor, carinhos desejados. Que os filhos saibam que as correções paternas são necessárias, e que o pai do amigo nunca será melhor do que o seu, porque você nunca será o amigo. E mesmo com todos os pensamentos divergentes, respeitem a formação e a educação com as quais os pais foram criados; e se o pai pedir ao filho para não por a mão no fogo, é por que ele já se queimou e não quer ver cicatrizes no seu menino. Abracem, amem, digam tudo e nada com o silêncio do olhar apreciador.



Nesta terra mundana, não é preciso ser um casal perfeito, não é preciso ser Maria nem José. É necessário ser esposo e esposa, é necessário ser pai, mãe e filho. É preciso sempre olhar para aliança que está na mão esquerda e lembrar as promessas conjugais: ser fiel, amar, respeitar na saúde, na doença, na alegria, na tristeza, em todos os dias de nossas vidas. E a partir do momento que aceitarmos e cumprirmos essas promessas, o peso espelhar da Sagrada Família será menor. E assim, José, Maria e Jesus olharão para nós e dirão: “pronto, finalmente eles aprenderam que a Família é Sagrada!”

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