Fala leitor: A Cooperjana, que era dos produtores, virou um antro de corruptos

Jornal O Norte
14/01/2008 às 09:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:22

Senhor editor,

Pela presente levo ao conhecimento desse veículo um crime que ocorreu em Janaúba, para que leve a informação a todos produtores rurais que há 40 anos fundaram uma cooperativa em Janaúba-MG, esta chamada de Cooperjana Ltda.

A Cooperjana, por décadas, foi responsável pelo crescimento de Janaúba, pela liberação de recursos para o pequeno produtor, através de repasses, como também pelo incentivo ao plantio e à venda da produção aos grandes centros.

Por anos a fio vimos essa empresa manter cerca de 200 empregos diretos e outros 3.000 indiretos, liberando recursos de repasse do Banco do Nordeste, do BDMG e BNDES, valores esses destinados ao incremento da produção em todo Norte de Minas.

Acontece que, pela administração dessa se passaram pessoas de peso que cresceram a cooperativa, tornando esta a segunda maior do Norte de Minas, mas no meio dessas pessoas também estavam lá pessoas inescrupulosas, incompetentes e irresponsáveis, verdadeiros larápios do dinheiro destinado ao pequeno produtor rural.

Esses bandidos, sabedores que os pequenos produtores são pessoas humildes, desinformadas, quebraram a Cooperjana com uma administração fraudulenta. Seus cooperados não entendem o porquê de sua cooperativa ter sido levada á falência, mas aqui estou eu para fazer ciente a estes do que um homem desonesto pode fazer, quando este chega fácil ao poder público.

A Cooperjana faliu sim, mas por culpa de sua diretoria irresponsável, desonesta, sem falar mesmo bandida, pois este foi o procedimento adotado por esses o tempo todo, diante de uma crise financeira motivada por eles mesmos.

A Cooperjana, através desses diretores, chegou ao fundo do poço, pois a administração só pensava em si própria o tempo todo, pois sabemos que, quando se tem dinheiro em caixa, têm sempre os mesmos nomes diante do poder, para surrupiar a entidade, tirar dela até o último tostão e, depois, entregá-la aos bobos, para que assumam a culpa da falência e comam as migalhas.

Levo ao conhecimento de todos produtores rurais, das associações de classe, do ministério público, como também já está denunciado ao ministério público federal e à policia federal, o crime que ocorreu na Cooperjana.

É de conhecimento de todos desta cidade que a polícia federal, com mandado de busca, adentrou na empresa NORTECNET, de propriedade do Jorge Pfeiffer, como também na residência do Sr. Paulo Nogueira, sendo que lá encontrou centenas de documentos da Cooperjana, subtraídos de sua sede legal e tomados das mãos do contador da empresa. Tais documentos se encontram todos apreendidos na polícia federal e estão sendo analisados pela delegada federal Dra. Josélia, que apura o fato do rombo na Cooperjana.

Segue protocolo de documentos enviados por mim ao ministério público federal, bem como protocolo de entrega dos documentos que comprovam a fraude, entregues á policia federal em Montes Claros, por solicitação do promotor federal.

Abaixo relatamos algumas das fraudes descobertas na Cooperjana, no período em que diretores envolvidos estiveram diante da administração:

Foram realizadas compras de bananas com notas fiscais, documentos de entrada, emissão de nota de produtor rural, pagamento de embaladores e essas notas estão todas no caixa, com comprovante de pagamento, portanto, foram liquidadas aos fornecedores que venderam o produto à Cooperjana, mas não consta a saída desses produtos, venda a quem quer que seja, portanto, o produto sumiu, foi entregue sem nota e ou alguém comprou só a nota e nunca existiu produto. Na verdade, a Cooperjana comprou 1.000 caminhões de banana em um só ano e só vendeu 500 caminhões aos clientes. Cadê então o restante da banana?

Existem em caixa valores cujos cheques aparecem com alínea 28, isto é, cheque roubado, sustado pelo emitente, mas aparece na contabilidade da empresa, e só para se ter uma idéia, são mais de 100 (cem) cheques sustados, como também notas inidôneas, faturamento feito a quem nunca comprou banana da Cooperjana.

Neste exemplo, posso citar que casa de peças, açougue, joalheria, sacaria, revendedor de açúcar, pedreiro, chapa (carregador de caminhão), todos estes compraram bananas da Cooperjana e colocaram um cheque roubado no pagamento da nota fiscal.

Também, um funcionário desviou da Cooperjana para sua conta particular cerca de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), sendo que em só dia esse desviou do caixa R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais) e isto em plena crise na empresa, e nenhum diretor sentiu falta desse valor.

Também foram feitas vendas de patrimônio de maneira irregular, sem publicação aos cooperados onde, em uma operação de venda da Indagro, o diretor da Cooperjana foi o vendedor, também representava o comprador, foi avaliador da empresa e ainda o corretor, retirando do caixa da empresa sua comissão de 5% sobre a venda. Esse diretor, que se chama Jorge Pfeiffer, é a personagem chave de tudo. Aparece em todas transações de Cooperjana, Frutivalle, Abanorte  etc, por mais de uma década está na panela dos sanguessugas.

Também um diretor da Cooperjana chamado Paulo Nogueira assinou vários cheques da empresa em beneficio próprio, em plena crise da cooperativa, onde esta patrocinava sua conhecida festa particular Grotão da Saudade.

Estão nas mãos da polícia federal, também, cheques colocados no caixa da empresa no ano de 1999, onde um cliente comprou bananas e os seus cheques foram devolvidos sustados por alínea 28 (roubados). Investigado por mim, descobri que o emitente desses cheques já havia falecido 3 (três) anos antes da compra. Portanto, tinha até defunto comprando bananas na cooperativa. Então, quem aprovava os cadastros?

Posso afirmar também que um só cliente de São Paulo comprou cerca de 85 caminhões de bananas da Cooperjana e não pagou sequer um caminhão, pois não tinha um couro para dormir em cima. Esse foi mais um desfalque na empresa, avaliado por um incompetente diretor.

Tenho também em mãos dois relatórios, um emitido por um engenheiro de Janaúba e outro por uma empresa especializada, onde avaliaram uma empresa da Cooperjana, chamada Indagro, em 1999, por cerca de R$ 3.000,000,00 (três milhões de reais) e essa empresa foi vendida por menos de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), mas a venda foi realizada a credores da empresa Cooperjana, onde diretores também são sócios.

No ano de 2000 fui contratado para receber cerca de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) da Cooperjana, dívidas de cooperados da empresa, mas o que achei lá não foram só os dois milhões, mas sim o dobro em moeda podre, cheques sustados, roubados, duplicatas inidôneas, títulos fantasmas e sem assinatura, cheques de diretores, dívidas não contabilizadas colocadas em caixa 2 (dois), enfim, uma miscelânea de papéis sem nenhum valor, pois tudo estava prescrito.

Hoje, a empresa deve ao fisco estadual cerca de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), processos de cobrança no fórum local ainda pendentes e uma dívida de mais de R$ 15 milhões ao Banco do Nordeste, mas, com jeitinho brasileiro, querem vender um prédio onde é a sede da empresa e seu galpão de 1.200 metros na Rua Espinosa pela bagatela de R$ 260.000,00, somente para sanar um acordo com o BNB, na tentativa de se safar de um crime que está sendo investigado pela justiça federal

Nessa data, os diretores da Cooperjana viajaram todos, deixando uma procuração a um advogado, este que também tem responsabilidade na Cooperjana e agora é advogado do Banco do Nordeste, portanto, é o maior interessado na transação, pois ganhará dos dois lados. Isto é o mesmo que colocar milho no cocho e colocar bode pra vigiar, não dá nem pra acreditar.

Só para se ter uma idéia, somente o prédio do Centro, sede da Cooperjana, este vale mais de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) e foi avaliado pelo próprio Jorge Pfeiffer por esse valor, e agora vêm vendê-lo ao inquilino que lá está, como um ato de puxassaquismo e irresponsabilidade.

Já informei ao ministério público federal e à policia federal e todos responderão pelos feitos, e quem comprar poderá ficar no prejuízo, pois não obedece as formalidades legais, que é a publicação do edital de venda, a autorização legal promovida pelos cooperados.

Quanto ao BNB, neste momento essa negociação servirá como base para todos maus pagadores, como também para os sofridos pequenos produtores rurais de que conta com o Banco do Nordeste não se deve pagar, pois amanhã se paga com qualquer micharia.

Isto é o Brasil, exemplo de desmoralização, pois o pequeno produtor vendeu o que tinha e pagou sua dívida e o grande espera sempre pelo perdão, pois ele sempre vem.

Seguem cópias de documentos que comprovam a denúncia ao ministério público federal, à polícia federal, bem como cópias de alguns documentos para cooperados que queiram certificar-se da fraude.

Gostaria também que todos os cooperados da Cooperjana colocassem impedimento junto ao cartório local, obstruindo então o registro da escritura de venda do patrimônio que a ele pertence e que, comprovadamente, está sendo vendido de forma ilegal e imoral.

Como cidadão, fiz o que pude, mas no Brasil a coisa vai de mal a pior, e em Janaúba não poderia ser diferente.

Antecipo agradecimentos,


Atenciosamente,

CELSO L. ANDRADE


RG M 2282744 SSP MG


Rua Varginha 122- Bairro Cerâmica


JANAUBA MG


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