Existirá um lugar para Jesus?

Jornal O Norte
15/12/2009 às 09:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:20

Rodinon Botelho Santos


Professor, teólogo e escritor

“Por esse tempo César Augusto, o imperador, decretou que se fizesse um recenseamento de toda a nação. (Este recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria). Exigia-se que todo mundo voltasse à sua terra natal, para se registrar E como José era da antiga família real de Israel, teve de ir até Belém, na Judéia, terra  natal do rei Davi – viajando de Nazaré, da Galiléia para lá. Ele levou consigo Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando ali, chegou a hora de nascer o filho dela; e ela deu à luz seu primeiro filho, um menino. Enrolou-o em um cobertor e o deitou na manjedoura, no estábulo aquecido para os animais, porque não havia lugar para eles, na hospedaria da aldeia”


(Evangelho de Lucas cap. 2: 1-7).

No império Romano se realizavam recenseamentos periódicos, com dupla finalidade:cobrar impostos dos residentes e descobrir jovens  para o serviço militar obrigatório. Os judeus estavam isentos do serviço militar, portanto o censo da Palestina era direcionado à questão dos impostos. A distância entre Nazaré e Belém era de uns 120  km. Era uma viajem muito difícil, pois ao longo da estrada e dos vilarejos não se ofereciam comodidades apropriadas. As pousadas eram simples, oferecendo na maioria das vezes apenas um lugar para dormir e um fogão para cozinhar. José e sua esposa Maria, encontraram uma cidade repleta de gente, vinda de todas as partes da Palestina e portanto, não acharam lugar para ficar.

Provavelmente o dono de uma estalagem ao contemplar o estado de adiantada gravidez daquela mulher de aparência tão cansada, ofereceu o cantinho coberto e aquecido para abrigo dos animais recém-nascidos e  - sem outra alternativa, José acomodou ali a sua esposa. E foi naquela  madrugada fria que nasceu o menino Jesus, sob a luz das estrelas e contemplado pelos cordeirinhos que ali emitiam seus balidos, como uma oração de louvor e encantamento.

Uma antiga canção natalina expressa a maravilha deste quadro tão singelo: Em um berço de palha dormia Jesus/ o meigo menino que ali veio a luz/ em um rude presépio / de noite em Belém / enquanto as estrelas brilhavam além. É deveras curioso pensar na tremenda contradição deste momento tão especial. Aquele  que na descrição de João – o evangelista “estava no princípio com Deus, o verbo eterno por quem foram feitas todas as coisas, o criador sem o qual nada do que foi feito se fez” não encontrou lugar  decente e adequado para  nascer com o mínimo de conforto.

A Bíblia Sagrada -  a Eterna Palavra de Deus já declarava nas profecias de quase 800 anos antes, que Ele seria o servo sofredor, o Salvador humilde – identificado sobretudo com os pobres,ignorados , marginalizados e esquecidos da terra. Não havia lugar para Jesus nas hospedarias e agora – 2000 anos depois, continua a não haver lugar para Ele no coração dos homens.

Em nossas grandes cidades, esta é uma história que se repete, apesar de nos proclamarmos como uma grande nação cristã. Nas imundas e descuidadas periferias, nas distantes e ignoradas favelas, nas filas do fundo triste dos hospitais públicos, mamães esquálidas têm os seus filhos – sem assistência, sem  as mínimas condições de dignidade humana, sem futuro, na maioria das vezes, sem um pai presente. Comemoramos um Natal repleto de comida, de bebida, de caros presentes, de canseira, de corre-corre, de enfado, de brigas e discussões em família, de excessos, de cobiça desmedida,  de lojas repletas, de exploração de pessoas, de abusos comerciais,de  faz-de de-conta. Porém, nosso coração permanece vazio, pois nele ainda não há lugar para Jesus.

A boa notícia é que ainda é possível mudar esta história. O menino que nos nasceu em Belém, há quase dois mil anos, é aquele que abre os seus braços, no auge do seu ministério entre nós e diz; “Vinde a |Mim todos que  estais cansados, sobrecarregados e oprimidos e Eu vos aliviarei”. É aquele que na casa de Zaqueu – o corrupto cobrador de impostos de Jericó, proclamou: “Hoje entrou a salvação nesta casa!”. Compete a cada um de nós resgatar o verdadeiro sentido do Natal. Dar lugar a Cristo em nossos corações, contar a sua história a nossos filhos,  promover na família a leitura e  a reflexão das verdades do Evangelho de Cristo. Nossa pervertida sociedade atual, só poderá ser resgatada pelo amor e a graça de Cristo. Ele nos chama para  sermos arautos das boas novas. Cada um, em cada lugar, em cada profissão, nos lares, nas escolas, nas ruas, no comércio, na indústria – onde estivermos – vivendo e anunciando que é necessário dar lugar a  Jesus Cristo. E assim teremos um Feliz Natal.

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