José Wilson Santos
zewilsonsantos@hotmail.com
Depois de assistir a alguns capítulos da série propaganda eleitoral gratuita, e confirmar que a gente pode oferecer até lote em Marte que fica por isso mesmo, cheguei à conclusão de que passo a mão no Palácio da Alvorada, em 2014, com um pé nas costas. Oferecer um monte de trem a eleitorado ávido por moleza, na maior cara dura, é com o Degas aqui mesmo.
Meu programa de governo será porreta. Duvidê-o-dó que alguém seja mais cara de pau que eu, em que pese ninguém ser obrigado a cumprir as promessas. Preste assunto, índio velho, pegue no meu mastro e levante essa bandeira. Alguns itens da minha plataforma:
Transferência de renda e salário: bolsa-família de R$ 2.500,00 e salário mínimo de R$ 6.000,00, que é pra classe média enricar logo e deixar de encher o saco.
Desemprego: vou levar a cambada toda pro Alvorada, onde passaremos quatro anos no bem-bom, à base de churrasco, caipirinha, pagode e peladinhas -- de bola, é claro, que é para o palácio não virar uma zona -- nos finais de semana. Para quem insistir em trabalhar -- porque o quê tem de gente do contra por aí não está no gibi --, disponibilizarei equipe de boys pra bater pernas e levar currículos dos candidatos a torto e a direito. De quebra, calarei a boca dos sindicalistas, que vivem de arrotar jornada de trabalho penosa: instituirei o ponto facultativo universal, de forma que só vai trampar quem quiser.
Educação: em meu governo estudante não andará quilômetros para estudar. Aliás, não andará orra nenhuma. Vou mandar professores à casa de cada um e os caras aprenderão e se formarão lá mesmo, no conforto do lar.
Ficará mais barato para o governo.
Saúde: manterei equipe de médico, enfermeira e personal anotador de receita, que é pra todo mundo entender a letra, em cada domicílio, dando assistência full time. Em caso de internação, será feita em hospital construído na própria rua, que é para o cara ser tratado entre amigos e conhecidos.
Segurança: destacarei um policial armado até os dentes pra cada cidadão. E dois pras mulheres bonitas. Me desculpem as feias. No meu governo a gente vai dar tudo o que as mulheres querem. Mas não será mole não.
Social: instituirei rígido controle do mé servido neste país. Será feito por nós mesmos, eu e os mano, no Palácio da Alvorada. Mé bom será aquele que tiver carimbo de 'aprovado por Sua Insolência' no rótulo. Vou desonerar o produto, eliminando impostos.
Meio ambiente: preservaremos o ambiente inteiro. Tenho, inclusive, esquema pra colocar fim às queimadas que torram o país de Norte a Sul: cada foco de fogo em fazenda dá direito à vizinhança abater a criação do infrator, aproveitando o fogaréu para fazer churrasco. Também pode ser chamado de Programa Fome Zero.
Trânsito: se for dirigir, não beba. Agora, se for beber, liga pra nós que vamos juntos.
Bicha: acabarei com o tormento nacional: a fila bancária, um dos trem que mais enche o saco do cidadão. Instituirei uma agência por família. Com isso, penso também que darei fim ao calote: se o camarada tiver sua própria agência, não vai ficar pegando grana emprestada nas agências dos outros e dando o tomé.
E, finalmente, instituirei oficialmente o inferno brasileiro: dia que tiver merda, não terá lata; dia que tiver lata, não terá merda.
No mais, viva eu e boas.
Até lá!