Clídio de Moura Lima *
Imagino, faço minhas elucubrações desejoso de que a caneta trace algumas linhas do pensamento meu. E penso, e escrevo com a responsabilidade que me foi cobrada pelo meu amigo Georgino Júnior; bobo; intelectual como ele é, quer me cobrar alto nível literário. E me superestima. Acha ele que sou do time dele, intelectual. Sou intrometido nas linhas dos “dizeres”.
Escrevo, é claro; porém, sem nenhuma pretensão de me tornar um literato. Fugir do tema não é ato corajoso. E, em assim sendo, eu penso! E penso sem rebuscar palavras ou algum norte de estilo ou composição literária. Somente escrevo com amor, alinhando e alinhavando as palavras segundo o meu sentimento. Apenas penso. E escrevo...
Agora medito. Meditar nas palavras para que a escrita possa brotar encadeada e sob a ótica do início, meio e fim. À maneira de todo discurso, eu fico preocupado com a peroração; o final é sempre mais lembrado... Agora medito nas palavras do amigo Georgino Jr. Dizia-me ele: Clídio, a gente pensa e escreve com esmero, a gente se preocupa com a redação, com a gramática, a forma e tudo o mais. Respondi-lhe: é verdade, o jornal do Rui, mercê do Reginauro, o grande diretor e editor-chefe e um monte de adjetivos mais, publica os nossos artigos literários. Pronto. Retrucou o G. Júnior: E daí? E continua, agora filosofando: onde, aonde vai parar o jornal, minha produção literária? Clídio, alguém lê nossas crônicas; pra criticar, pra ver se há erros gráficos, erros de sintaxe e etc. Tudo bem. Porém, a final vem o descaso. O que eu escrevi (continua G. Jr.), escrevi com dedicação, repito. E o jornal vai parar aonde? No chão, servindo ao pintor de paredes que, para não sujar o piso com os respingos da tinta que faz cobrir a parede, estende jornais no chão . E mais, o jornal vai servir até no banheiro, em substituição ao papel higiênico. E lá, naquele jornal, está minha crônica, minha charge...
Alguém aqui leu o jornal de hoje, sábado? Leu nossas crônicas? Nossos poemas, as poesias, alguém as leu? Comente, critique, fale alguma coisa, qualquer coisa que se diga, a mim gratifica. Estou satisfeito, alguém leu o que escrevemos.
O destino do jornal lido não tem importância alguma. Seu comentário, sua crítica, caro leitor, é o que mais comove e enaltece o escritor, é a gratificação. Muito obrigado por ter lido nossa produção literária.
* Escritor, advogado e professor universitário