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Quarta-Feira,25 de Dezembro

Esta é a ditosa Pátria Amada - por Clídio de Moura Lima

Jornal O Norte
Publicado em 21/09/2007 às 16:39.Atualizado em 15/11/2021 às 08:17.

Clídio de Moura Lima



Certa vez, e não há muito tempo, escrevi semelhantemente uma crônica sobre formatura e falta de emprego. Tratei sobre o doutor recém-formado e sem emprego. Tratei também do empreguismo. Coisas que o pobre sofre e o político remedeia. Safado! Troca a alma (o voto) do pobre por um pedaço de pão recheado de promessas mil. Como diz o dito popular: Quando a esmola é grande, o pobre desconfia. E deve desconfiar mesmo. Por um prato de comida, um vale disto ou daquilo outro, promessas e mais promessas... Um emprego! Melhor é fazer concurso público para gari ou para chefe, tudo vale porque a disputa em concurso público traz dignidade, respeito e segurança para o futuro. O trabalho dignifica o homem. O voto vale milhões de reais, é verdade. Imagine quanto um candidato gasta numa campanha política; mais, quando ele ganha honestamente, e desonestamente? São milhões de reais, uai! Pátria amada! Na imensidão do teu território lavra-se impunidade, desmandos, corrupção... E sou culpado por tudo isto porque também sou mau, votei mal ou, mais grave, vendi meu voto por um vale de qualquer coisa e uma promessa de emprego arranjado.



Esta é a ditosa Pátria!  Venturosa, feliz; são sinônimos de ditosa. Alhures e de há muito um poeta, compositor e patriota de escol, fez o hino de nossa pátria onde há um verso: “ ... pátria amada...” Então e desde então; porque não? Rimar pra gargalhar com sarcasmo lúdico; vivemos de esperança no porvir, no futuro decantado em verso e prosa por um Brasil melhor. Vamos acreditar, dias melhores virão; devemos trabalhar para tanto. Cadê o voto? Vai vendê-lo? Se assim o é, existem dois ladrões: vendedor e comprador de voto, porque o dinheiro é do povo e está sendo surrupiado. Estou pensando num adágio francês “Quand la jeunesse si refroidit, c`est le monde entier qui claque des dents”, para significar que quando a juventude esmorece é o mundo inteiro que sofre as conseqüências. As eleições e o voto, que vença quem for melhor!



Temos que acreditar com todas as forças que o Brasil será melhor. Melhor com nosso voto consciente e honesto. Voto cobrador do candidato eleito por leis mais justas e política social de primeiro mundo. Dinheiro para tanto o país tem, e não é pouco. Quanto imposto! (nova rima, oh! Louco). Seriamente, um peixe por um anzol. Esta sopa deve acabar. É preciso dar um basta nesta comiseração humana transmudada em nítida demagogia e populismo anacrônico que subverte os mais elementares dons morais, a auto-estima e o amor-próprio. Muito mais salutar, saudável e digno é o trabalho, falar: o dinheiro é meu, trabalhei e ganhei, não pedi e nem roubei. (Gostas de rima?).



Considerando que quem muito fala (ou escreve) dá bom dia a cavalos e sabedor de que minhas palavras não têm o gigantesco da ciência política e como ninguém tem tanto tempo para ler minhas considerações, tecidas com um único intuito, qual seja, o de alertar para as eleições (todas as eleições, do presidente do bairro ao presidente da República) que devem ser analisadas, revestidas de seriedade e acima de tudo de muita honestidade, a fim de que nós tenhamos moral suficiente para exigir do candidato, antes das eleições e durante o cumprimento do mandato eletivo uma conduta ilibada, exigindo-lhe, por outro lado, a realização de sua plataforma política. Quem manda é o povo, quem manda é o voto! Tudo isto no regime democrático de direito. Viva o Brasil!



Concluo com o verso de Luís de Camões, com que se inicia a estância XXI do terceiro canto de Os Lusíadas: “Esta é a ditosa pátria minha amada”.   



Montes Claros/MG., 3ª f., 26/set/2006.

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