Espelhando o passado para construir o futuro

Jornal O Norte
Publicado em 20/04/2010 às 10:45.Atualizado em 15/11/2021 às 06:26.

Rogeriano Cardoso


Repórter policial


 


Os matadores do tráfico voltaram com força total em 2010. De acordo com os cálculos da Polícia Militar e da Civil, já foram executados neste ano 36 pessoas, entre elas duas mulheres, 98% com envolvimento direto e indiretamente com o tráfico e associação ao tráfico de drogas.



Apesar deste repórter-policial ter dado “um tempo” nas coberturas, mas nunca ter deixado de acompanhar os bastidores da criminalidade da região, sempre esteve atento aos acontecimentos. Por causa de tantos assassinatos, assaltos, furtos, sumiços misteriosos de pessoas, e até mesmo denúncias de abuso sexual por parte de professores do colégio Tiradentes da Polícia Militar, este repórter resolveu desabafar.



Para quem não se lembra, o ano de 2008 foi considerado o mais violento da história de Montes Claros, quando foram registrados 94 assassinatos. No ano seguinte, para a satisfação dos montes-clarenses, o número de homicídios caiu para 63. De acordo com as autoridades responsáveis, os motivos seriam programas implantados pelo poder público estadual no setor de segurança pública.



Será que este ano também terá resultado positivo? Alguns “comandantes” do tráfico ainda se encontram atrás das grades, mas mesmo assim continuam a comandar suas facções. Além de indicarem os alvos, estes considerados concorrentes no mundo do crime, eles também passaram a ameaçarem de morte Juizes e Promotores de Justiça de Montes Claros.



Até quando vamos continuar na mira dos matadores do tráfico, que a cada dia vêm amedrontando pessoas de bem, que na sua maioria vivem trancafiadas atrás das grades de suas próprias residências, com medo de serem vítimas destes criminosos?



Sabemos e reconhecemos os trabalhos realizados pelas polícias Militar, Civil e Federal. Através de investigações realizadas pelo setor de inteligência do 10º BPM de Montes Claros, vários traficantes foram retirados de circulação, como também diversas armas e entorpecentes foram apreendidos. De outro lado, a Polícia Federal – apesar do tempo em que leva para apurar suas investigações – também realiza várias prisões e apreensões de drogas na cidade e região.



Já a Polícia Civil está deixando a desejar. Reconhecemos os trabalhos dos agentes, mas precisamos relatar que está faltando mais entusiasmo e coragem de alguns delegados, principalmente dos chefes. Lembramos aqui da época do delegado Castelar de Carvalho Leite à frente da Delegacia de Furtos e Roubos, Dra. Neuza na Delegacia de Menores Infratores e Saulo Gomes Nogueira na Tóxicos e Entorpecentes. Apesar dos trabalhos serem mais difíceis naquela época, tínhamos mais resultados nas investigações.



Grandes apurações realizadas na época, mostram o quanto estas autoridades trabalhavam. Desarticulação de redes de pedofilia, destruição de grandes plantações de maconha na região, apuração de latrocínios e assaltos, além de quadrilhas especializadas em roubos de cargas. Hoje percebemos que a polícia esta acomodada, principalmente depois da criação das áreas integradas de segurança pública.



O que falta são projetos por parte de delegados contra o crime, como o de Castelar, que naquela oportunidade criou e comandou o Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Civil, o primeiro da região. Mas após ser promovido e deixar a cidade, o grupo “morreu”. Tudo isso, criado com coragem e ajuda da sociedade montes-clarense, sem ônus para o governo.



Faltam boas idéias, que tragam resultados satisfatórios. Se continuar do jeito que está, infelizmente vamos serem obrigados a continuar assistindo, presos em nossas próprias casas, vidas sendo ceifadas pelos matadores do tráfico.

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