Era uma vez uma seresta

Jornal O Norte
24/01/2008 às 10:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:23

Terezinha Jardim *

Era uma vez um médico, doutor muito querido nesses montes claros. Mas ele não era só médico. Era também um amante apaixonado por sua cidade, músicas e tradições, pois gostava de pesquisá-las. Este era o Dr. Hermes de Paula, de tão saudosa memória.

Um dia ele teve a notícia de que haveria em Ouro Preto um “concurso de modinhas”, em nível nacional. Já estavam inscritas Diamantina e outras cidades, tidas e havidas como o “berço da seresta”. O concurso seria realizado em Ouro Preto, no dia 20 de abril. O ano era 1967.

Porém, o destino resolveu intervir na pessoa de Maristela Tristão, que aqui residia há alguns anos e, nessa ocasião, ocupava um cargo “cultural” no Governo do Estado. Ela indignou-se com a exclusão de Montes Claros, pois sabia, de ouvi-las tantas vezes, que a cidade possuía, além de um acervo de modinhas e músicas folclóricas, ótimos cantores e cantoras - que nos sarais e serenatas faziam o deleite de quem as ouvia.

Maristela comunicou ao Dr. Hermes o evento que ocorreria nesse 20 de abril de 1967. Mais que depressa o doutor saiu à procura de Nivaldo Maciel, Ducho, Telé, Sinval, Clarice Tereza Maia, Selma Abreu e logo combinou o primeiro ensaio em sua casa, onde Dona Fina e Virgílio se juntaram ao grupo.

E depois de alguns ensaios, sempre em casa de Dr. Hermes, lá se foi o grupo de cantore Nessa época ainda chamado Grupo de Seresta de Montes Claros, cantou e encantou, ficando com o primeiro lugar.

Daí em diante – desse histórico 20 de abril de 1967, há 40 anos, foi só sucesso. Batizou-se, depois, o Grupo de Seresta João Chaves em homenagem ao grande poeta e músico de nossa terra, nome esse que trazemos e traremos com muito orgulho, enquanto Deus nos permitir.

No último dia do ano – mas, como diz Carlos Drumond de Andrade: - o último dia do ano não é o último dia de tudo – lembrei de agradecer em meu nome e de meus companheiros de 40 anos de seresta e amizade, primeiro a Deus, que nos permitiu todo esse percurso, embora, alguns obstáculos ou “pedras no caminho” tenham aparecido...

Agradecer, especialmente, a Dona Fina, que aos 87 anos continua a nos inspirar com seu amor incomensurável pela Seresta João Chaves. A Jamil Curi, que desde 2005 incentiva o grupo a revitalizar-se. E, de braços abertos nós, os mais antigos, recebemos Maristela Cardoso e os novos companheiros Marta, Denise, as “Marlenes”, Mafalda, Rogério, Hélio, Valderez, Wilson – que Alice Navarro chama de “Céu da noite”. Vozes e instrumentos preciosos que já vieram se juntar ao grupo existente. Dona Fina, eu, Clarice Sarmento, Alice Navarro, Adélcio Saraiva, Ademar Toledo, Luiz e Carmina Porfírio, Beto Oliveira...

Formou-se, nesses dois anos e alguns meses, uma perfeita parceria cultural entre o Grupo de Seresta João chaves e o Dr. Jamil, através da Pavisan. E juntaram-se a nós também Vicente Maia Júnior e Toninho Curi, que tornaram-se grandes amigos de todos nós. E ainda temos algumas vezes o prazer da companhia da bela e gentil Elizabeth Curi, amada esposa do Dr. Jamil e nossa amiga de longa data, pois por aqui residiu por muitos anos.

Como todos podem ver, ou melhor: ler, através destas palavras singelas, só temos que comemorar. Não poderia encerrar essa “estória” sem um agradecimento especial ao público de Montes Claros e de outros lugares, que sempre nos prestigia e aplaude onde quer que nos apresentemos. Prometo esforçar-me ao máximo para que, em 2008, possamos presentear nossos amigos com CD e DVD de músicas inéditas em comemoração aos 40 anos de existência do Grupo de Seresta João Chaves.

* Seresteira

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