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Quarta-Feira,25 de Dezembro

Em defesa da poesia - por Sebastião Abiceu

Jornal O Norte
Publicado em 10/10/2007 às 11:12.Atualizado em 15/11/2021 às 08:19.

Sebastião Abiceu *



Ao ler a coluna Resenha do Rê do dia 06/10/2007 (sábado), tomei conhecimento da indignação do leitor internauta. Fiquei pensando: será que ele conhece, de verdade, a história do Psiu poético e a trajetória do seu idealizador e curador, o poeta Aroldo Pereira? Será que um movimento cultural que trabalha com imbecilidades, como afirma o cidadão indignado, sobreviveria a 21 anos ininterruptos?



Ainda de acordo com o texto enviado ao jornal, será que um movimento organizado por um nada conseguiria trazer ao sertão norte mineiro pessoas tão ilustres quanto Thiago de Mello, Adélia Prado, Alice Ruiz, Waly Salomão, Jorge Salomão, Jorge Mautiner, Arnaldo Antunes, Makely K, Nicolas Beer, Capinan, dentre tantos outros? Será que um movimento tão desqualificado (segundo o cidadão indignado) conseguiria fazer escola, revelando tantos talentos de nossa cidade e região?



Será que conseguiria apoio de tantas instituições, inclusive da Unimontes? Será que um nada conseguiria ter seu livro escolhido para vestibulares? Será que um nada conseguiria ter seu mais novo livro (Parangolivro) lançado em tantos lugares, como Curitiba, Belo Horizonte (Palácio das Artes), Brasília, Rio de Janeiro, além de lançamento internacional em Portugal?.



Será que um nada mereceria receber a medalha da Inconfidência mineira? Realmente, essas coisas causam indignação. Como diz a poeta Dóris Araújo, um nada abre um rombo dentro de mim. Atônita, me pergunto: como pode, num segundo, um nada ser tanto assim!?



Sua indignação, cidadão, me faz lembrar também a fábula de Esopo, A raposa e o cacho de uva: Forçada pela fome, uma raposa tentava apanhar um cacho de uva numa alta videira, saltando com todas as forças; como não conseguisse alcançá-lo, disse, afastando-se: - Ainda não estão maduras; não quero apanhá-las verdes.



Aqueles que desdenham com palavras o que não conseguem realizar deverão pegar para si este exemplo, pois é fácil desdenhar o que não se alcança, talvez seja o caso do cidadão indignado. Meu conselho é que, se ele tiver uma idéia melhor do que aquela que gerou o Psiu poético e maior garra do que o Aroldo Pereira, Montes Claros, Cidade da Arte e da Cultura - assim batizada pelo nosso amigo Reginauro Silva - ficará agradecida.



Para concluir, gostaria de ressaltar que durante 21 anos Montes Claros viveu inúmeras mudanças político-administrativas e o Psiu poético permaneceu, por quê? Porque ele não é um projeto de um partido político ou uma coligação política e sim um projeto político-cultural. Um projeto que interage com os mais diversos setores da sociedade, com os mais variados  estilos artísticos. Um projeto que extrapolou os muros dos Montes Claros, recebendo trabalhos e pessoas das mais variadas regiões do Brasil e até mesmo de partes da Europa.



Isso ajudará o cidadão indignado (e outros que compactuarem com suas idéias) a entender melhor o projeto cultural Psiu poético, pois em sua crítica ele mistura duas coisas distintas, a administração municipal e o Psiu poético. O Psiu poético não é do poder público. O poder público apenas apóia o Psiu poético.



Termino minha fala enviando um grande abraço ao amigo Aroldo Pereira, aniversariante do dia 06 de outubro, data festejada por todos nós, amantes da arte, da cultura e da poesia.



* Professor universitário

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