Ainda sob o efeito da grande tragédia que retirou do cenário político o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que morreu em um acidente de avião em São Paulo, o Brasil tem apenas um questionamento: como ficará o processo sucessório para a Presidência da República?
Mas antes, é preciso fazer uma análise sobre a sua presença como candidato à Presidência. Eduardo era o peso maior na balança decisória na eleição, tendo como também protagonistas, Aécio Neves e Dilma Rousseff. A sua votação no norte e nordeste seria muito grande e atingiria muito mais a atual presidenta. Ele saiu do governo pernambucano com mais de 75% de aprovação e trabalhava como um “trator “ para marcar a sua votação como histórica em seu Estado e assim, forçar o possível segundo turno. Ele apresentava propostas avançadas caso fosse eleito e a sua última entrevista ocorreu na noite de terça-feira, quando disse que criaria condições para que a economia do país crescesse 4% ao ano. Chegou a citar a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo: “ Na economia também estamos perdendo por 7 a 1, como ocorreu na Copa do Mundo, ou seja, a inflação está em 7% e o crescimento abaixo de 1%.É preciso confiança, liderança e passar a todos aos agentes econômicos a segurança de que o Brasil será governado com responsabilidade e segurança jurídica”. Ele prometia também financiar o passe livre para estudantes de escolas públicas.
Agora, com relação às eleições é notório que quem vai substituí-lo será a candidata a vice-presidente, Marina Silva, que terá a responsabilidade de conseguir uma votação gigantesca e assim voltar a ter oportunidade de disputar o cargo de igual para igual com Aécio e Dilma.
Dilma se preocupava com a forte penetração de Eduardo Campos em seu eleitorado mais fiel, os da Bolsa Família e outros programas sociais, e Neves torcia que isto acontecesse enquanto ele crescia em São Paulo, Brasília, Espírito Santo.
Marina tem presença forte no Nordeste, e a substituição com certeza vai interferir no emocional do eleitorado. Marina nas últimas eleições teve mais de 20 milhões de votos e quis o destino que ela agora assuma esta posição com reflexos imprevisíveis. Tanto Aécio como Dilma, têm agora a responsabilidade de mudar as estratégias antes estabelecidas, pois vão enfrentar um clamor nacional que ainda não tem limites de interpretação. O certo é que se houvesse um segundo turno sem a presença de Campos, ele estaria firme com Aécio, mas tudo muda de figura com a presença de Marina Silva.
Uma tragédia desses moldes atinge a todos nós brasileiros , bem como as esperanças de renovação política, e resta então esperar que o impacto diminua e ai sim, poderemos fazer uma análise mais profunda e menos emotiva.
