Nesta semana, o governo de Minas divulgou os números referentes aos crimes violentos registrados em todo o estado. Pelos números apurados com base nos dados dos registros de eventos em defesa social, no primeiro semestre de 2010, a criminalidade violenta teve queda de 18,4%, se comparado ao mesmo período do ano passado.
Em Belo Horizonte, de acordo com os dados, a redução foi de 12% e nos municípios com população superior a 100 mil habitantes, de 17,05% no mesmo período. Em Montes Claros, a redução foi ainda maior, apresentando: aproximadamente 20,7% das taxas médias mensais no comparativo entre os primeiros semestres de 2009 e 2010.
A notícia seria motivo de comemoração, principalmente para o montesclarense, se o as taxas de homicídio não estivessem na contramão da estatística, já que, somente em Montes Claros o número de homicídios aumentou 13% no primeiro semestre de 2010.
Números à parte, é preciso considerar o que provoca o aumento da criminalidade. O velho dogma de que crime é produto direto da pobreza é questionável, já que a maioria dos crimes hediondos que pautam a mídia é cometida por pessoas abastadas. O famoso “crime colarinho branco” também nunca deixou de ser rotina nas principais manchetes de jornais de todo o país.
Nas regiões mais pobres do Brasil, como o Nordeste, de acordo com estudo divulgado recentemente pela Organização dos estados íbero-americanos para educação, ciência e cultura, há, proporcionalmente, menos violência quem em regiões mais prósperas.
Outro fator a se considerar é a impunidade e a edição de leis penais, além do regime prisional que não promove uma reabilitação efetiva do detendo – muito antes pelo contrário.
Em alguns países, na Colômbia, por exemplo, medidas tomadas pelo poder público reduziram a taxa de homicídios de 80 para 20 em cada 100.000 habitantes, em apenas 10 anos. O exemplo também se aplica a algumas cidades brasileiras, como o Tolerância Zero do Rio de Janeiro que já vem registrando redução dos índices de criminalidade e, em outro caso, em Diadema, que reduziu de 110 para 35 a taxa de homicídios para cada 100.000 habitantes em apenas 5 anos. Exemplos esses, é importante ressaltar, que se deram sem nenhuma alteração significativa das condições econômicas, o que retoma a discussão da correlação entre crime e pobreza.
O que se pode esperar é que, mais do que anunciar a redução da criminalidade, o governo passe a divulgar as reais causas do crime e o que está sendo feito para combatê-las.