Editorial - Montes Claros na contramão do desenvolvimento

Jornal O Norte
Publicado em 03/05/2011 às 09:11.Atualizado em 15/11/2021 às 17:26.

Mesmo a despeito do maltrato a que vem sendo submetido, o município de Montes Claros continua crescendo. Montes Claros é considera capital do Norte de Minas, região do Estado que abriga quase dois milhões de habitantes e que, por causa de suas riquezas naturais, está chamando a atenção de investidores, grandes e pequenos, que veem na região um campo aberto para empreendimentos. A descoberta de gás na Bacia do São Francisco, as riquezas minerais no Alto do Rio Pardo e em Riacho dos Machados, o magnésio produzido em Bocaiuva, a expansão da rede ferroviária em Pirapora e a força produtiva da própria Montes Claros, que voltou a ser lembrada por grandes empreendedores como um bom lugar para se investir, se não por outro motivo, pela mão-de-obra qualificada, são um cenário perfeito para o gestor público trabalhar – e se consagrar.



Curiosamente, apesar de toda prospecção para o desenvolvimento da região, Montes Claros parece que parou no tempo e a administração municipal está apegada e questões miúdas que deveriam estar na ordem do dia, como é o caso das ruas esburacadas e a precariedade da coleta de lixo e limpeza urbana de um modo geral – assuntos importantes, mas que não precisavam demandar audiências públicas, assembléias populares, mobilização do Ministério Público e manchetes na imprensa para serem resolvidos – e ainda assim, não continuarem sem solução.



Considerando a importância da cidade para a região e para todo o Estado, a administração municipal deveria ter se organizado desde os primeiros meses para atender às expectativas dos quase 500 mil cidadãos e cidadãs que esperam um lugar realmente melhor a cada dia para viver. Em vez de ocupar o tempo com discussão de assuntos que são obrigação de qualquer agente público, deveria ter sido feito um planejamento para implantação de obras estruturantes, preparando a cidade para absorver os impactos do inevitável e necessário desenvolvimento.



Quando o governador do Estado anuncia a vinda de uma importante indústria como a BMW para a cidade, sem sequer fazer qualquer contato com o prefeito, a situação nos parece ainda mais complicada, já que o desenvolvimento da cidade está sendo orquestrado em outras instâncias, sem que o município tenha participação. Ou seja: para que elegemos um prefeito? Que papel ele está exercendo? Além de não dar conta de resolver questões pontuais e de ordem prática, precisando a população sair às ruas para reivindicar soluções. O que se percebe é que a administração municipal também não está dando conta de cumprir questões que requerem diplomacia e bom relacionamento, indispensáveis para que uma gestão pública tenha êxito.



Enquanto isso, a população assiste o secretariado do prefeito tentando minimizar sua inércia e indiferença com promessas infundadas, como ocorreu na audiência pública realizada na última quinta-feira, no Vargem Grande, quando a comunidade da região pedia o retorno das obras de canalização dos córregos Pai João, Vargem Grande e Bicano, e representantes do executivo municipal tentaram explicar como foi feito o cálculo para o aumento, mas ninguém conseguiu entender a difícil matemática adotada pela prefeitura que só beneficia aos cofres públicos e não considera, em nenhum momento, o contribuinte, que se desdobra para cumprir suas obrigações tributárias, mesmo sem receber amparo da administração municipal, em nenhuma área. Na ocasião, o secretário de Planejamento, João Henrique Ribeiro, teve a coragem de prometer que as obras seriam reiniciadas em outubro, em pleno período de chuvas e sem nenhum recurso garantido. O secretário fez a promessa confiando no empréstimo de 25 milhões junto à Caixa Econômica Federal, que tão logo seja liberado, as obras se iniciem, desconsiderando todos os trâmites legais para realização desse tipo de obra pública, quase sempre burocráticas e demoradas.



O expediente utilizado pelo secretário é o mesmo rotineiramente utilizado pelo prefeito, que faz promessas para manter a expectativa da população e no período de campanha eleitoral tentará cumprir para garantir votos. O problema é que para cumprir tais promessas terá que contar com o apoio de deputados para convencer a presidenta Dilma Rousseff a prorrogar a validade de empenhos feitos em 2009, cujas obras ainda não foram iniciadas, como é o caso do Anel Rodoviário Norte e a reforma do Mercado Municipal.


 

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