No momento em que o país comemora o fim do campeonato brasileiro, o maior torneio de futebol do mundo, uma triste imagem rouba a cena e a alegria dos amantes do esporte que é, na verdade, uma paixão nacional: torcedores do Atlético Mineiro espancando até a morte um rival cruzeirense, caído no meio da rua.
O fato correu no dia 27 de novembro, em Belo Horizonte, na saída de uma competição de vale tudo. O cruzeirense Otávio Fernandes, de 19 anos, já está no chão, inconsciente, quando a câmera de segurança de um shopping registra o espancamento. Durante 25 segundos, torcedores do Atlético Mineiro desferem golpes nas costas e na cabeça do rapaz. Usam os pés, placas de madeira e barras de ferro. Vão embora e o trânsito para. Otávio foi socorrido, mas morreu antes de chegar ao hospital.
As imagens da morte de Gustavo vêm sendo transmitidas inúmeras vezes pela televisão em rede nacional, mas Mônica, mãe de Gustavo, diz que não teve coragem de vê-las por temer que fiquem presas em sua memória.
É impossível encontrar uma explicação para tamanha violência. Mas o fato não é inédito, ao contrário, é uma situação comum e que muitas vezes fica impune.
Em maio de 2004, o corintiano Marcos Gabriel Soares foi assassinado numa estação do metrô de São Paulo por torcedores do Palmeiras. Dois homens foram condenados a 12 anos e 4 meses de prisão. Mas ambos já estão soltos sem cumprir nem metade da pena. São muitos os casos que terminam como esse.
O vice-presidente da Galoucura, William Palumbo diz que as pessoas que aparecem no vídeo agredindo Otávio são torcedores do Atlético, e as investigações da polícia identificaram um deles, inclusive, como sendo um dos diretores da entidade.
As imagens não deixam dúvida de que a intenção dos agressores é de matar, quem sabe encorajados pelo histórico de impunidade para esses casos. Resta saber como a Justiça vai se posicionar nesse caso, em que todos os agressores já foram identificados.