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Quinta-Feira,16 de Janeiro

Editorial: Crime contra a urbanidade II

Jornal O Norte
Publicado em 12/05/2006 às 09:33.Atualizado em 15/11/2021 às 08:35.

É cada vez mais preocupante a condução da administração pública municipal, no que se refere aos compromissos firmados em campanha. Isolando-se a falta de realização de obras de impacto, no campo ideológico e comportamental o governo Athos Avelino decepciona ainda mais aqueles que confiaram no seu projeto. Causa perplexidade a seqüência de más notícias oriundas do gabinete do prefeito do PPS, que vem contrariando os princípios de seu partido, violando a intenção progressista e o ideal socialista. Senão, vejamos:



1. Recentemente, um funcionário da assessoria de comunicação da prefeitura teve o desplante de telefonar para o repórter de política de O Norte, com a intenção declarada de tentar manipular a publicação de matéria captada em reunião da câmara municipal. Embora o fato tenha sido denunciado, nenhuma providência contra a dupla tentativa de censura (contra o jornal e contra o legislativo) foi tomada pelo prefeito dito democrático;



2. Numa manobra engendrada no mesmo gabinete, a bancada submissa à cartilha do prefeito derrubou requerimento que solicitava a abertura de diálogo para discussão da localização da Ete - Estação de tratamento de esgotos, pela Copasa. Numa atitude que remete a memória do cidadão aos mais negros e tenebrosos tempos da ditadura que amordaçou o país e destruiu suas instituições até então soberanas, a bancada do pepeessista impediu, assim, que a população fosse consultada sobre a localização da Ete, arbitrariamente determinada pela prefeitura para o terreno do extinto Frigonorte, próximo a três faculdades de ensino superior;



3. Repetindo o mesmo critério ditatorial, atacando a comunidade sem armas, sob a luz do sol, mas como se urutus usasse, a administração municipal anunciou a doação de 28 mil metros de terra para a construção de uma penitenciária – que o povo chama de cadeião – com celas para 400 bandidos de alta periculosidade. Localização imposta pela prefeitura: área ao lado da estrada da produção e do anel rodoviário, próximo a chácaras, sítios e residências. Foi o que bastou para que a voz dos moradores se levantasse contra a amedrontadora decisão, com o dono da cidade novamente fazendo ouvidos de mouco;



4. Rebuscando agora ensinamentos condenáveis dos hediondos tempos da KGB, da Gestapo e do SNI, a chefia do executivo proibiu que funcionários da prefeitura sintonizem uma emissora de rádio AM, por considerar ofensivas ao governo municipal críticas formuladas em programa matinal contra os homens do poder e suas trapalhadas;



5. Furiosa pela publicação de reportagem de capa de uma revista mensal que se encontra nas bancas, denunciando o aproveitamento de assessores estrangeiros, em detrimento da inteligência local, os governantes do medo e do pavor passaram a pressionar emissora local de TV para demitir seu editor, também responsável pela publicação da revista. A pressão foi tamanha que o jornalista não teve outra opção senão licenciar-se do cargo;



6. Ato contínuo, um capacho do prefeito partiu para a ameaça de desforro físico contra o autor da matéria, com rompantes na base do vamos ver quem é mais forte, como se falar a verdade fosse exercício de boxeadores;



7. Outrora conhecida como uma casa aberta para um povo livre, a prefeitura de Montes Claros passou a selecionar o acesso do povo a suas instalações, ao ponto de instalar uma catraca na cancela de entrada de nada menos do que a secretaria municipal de Educação.



São fatos que, comprovados e repudiados em sua extensão, contrariam todos os preceitos de liberdade e transparência que resultaram no editorial Um crime contra a urbanidade, pela até agora não explicada obra que aumenta o espaço para trânsito de carretas e espreme o canteiro para pedestres. Fatos que continuarão sendo questionados por O Norte. Montes Claros já sofreu muito pelos desmandos de prefeitos aéticos, déspotas, corruptos, assassinos e irresponsáveis, figuras que pareciam ter se perdido numa esquina escura de um passado sombrio. Mas que, sob o comando do atual prefeito, parecem estar voltando à tona com sua mais bárbara, feia e nauseabunda fisionomia. A fisionomia do lobo vestido de cordeiro, este muitas vezes mais perigoso que o próprio lobo.

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