Mais uma vez, as provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) são marcadas por confusão com os erros no cabeçalho e vazamento de questões por meio do Twitter, causando angústia para os mais de 3 milhões de alunos que se aventuraram a fazer o exame no último fim de semana.
O que a OAB classificou como “desastroso e lamentável” se tornou motivo de piada na internet. Enquanto o Ministério Público pede o cancelamento das provas, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Joaquim José Soares Neto avalia que a realização do processo foi um sucesso. E de Moçambique, na África, o presidente Lula disse que “o sucesso do Enem foi total e absoluto”.
Os alunos que manifestaram sua insatisfação nas redes sociais e os que divulgaram o conteúdo das provas pelo celular devem ser processados. A afirmação é do próprio Ministério da Educação que postou no Twitter, utilizando uma linguagem no mínimo inadequada, que os “alunos que já dançaram no Enem tentam tumultuar com msgs nas redes sociais. Estão sendo monitorados e acompanhados. Inep pode processá-los”.
Na formulação de todo o processo são muitos os erros a serem computados: algumas questões são conteudista, mal formulada e com respostas duvidosas; no ano passado o Inep conseguiu divulgar o gabarito errado e demorou mais de 12 horas para a divulgação do correto; a Teoria da Resposta ao Item (TRI) não foi utilizada como prometido. O fato de as Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) não utilizarem a nota do Enem também fortalecem as críticas ao exame.
Em meio a toda essa confusão fica a reflexão de qual seria melhor maneira de se aplicar a provas do Enem para evitar erros. Por regiões? Em datas diferentes? E quanto às trapalhadas em relação à impressão? Além não fazer licitação às pressas nem escolher quem não tenha condições de cuidar do exame, talvez o MEC deva assistir aos vídeos gravados pelas câmeras de segurança durante a impressão para evitar manipulação.
O que não se pode admitir é que os erros crassos do MEC/Inep continuem causando angústia e prejuízos aos estudantes. A idéia do Enem, a longo prazo, pode ser um caminho para uma educação de qualidade, mas é preciso que todos os atores envolvidos trabalhem na mesma direção.
A falta de planejamento e proteção do processo, ao mesmo tempo, está causando expectativa e frustração nos milhares de estudantes que sonham entrar na universidade.