Economia solidária - por Eugênio Magno

Jornal O Norte
14/01/2008 às 10:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:22

Eugênio Magno *

Os movimentos populares, cansados de medidas paliativas e de esperar por políticas compensatórias dos poderes públicos estão se organizando em torno de propostas arrojadas de cooperação para enfrentar esse sistema capitalista competitivo e excludente, fundamentado no individualismo e na livre concorrência sem princípios. Está em franco crescimento no país a Economia Popular Solidária cuja proposta é a criação de um mundo mais justo, onde as relações comerciais e de desenvolvimento possam se estabelecer de forma sustentável, respeitosa e harmônica. Nessa perspectiva, o movimento pretende, entre outras coisas, inverter a lógica das relações de trabalho, de patrão x empregado, para um modelo de trabalho coletivo, onde todos tenham poder de decisão.

Uma das maneiras que a Economia Solidária encontrou para vencer a máxima do capitalismo “cada um por si, que vença o melhor”, foi trabalhar de forma conjunta, num sistema cooperativo, compartilhando os dons da natureza e os bens socialmente produzidos. Para ampliar a capacidade política e de articulação dos setores populares na esfera econômica, estão sendo criadas diversas redes de solidariedade. As redes de produtores, por exemplo, têm em vista a industrialização de produtos, o beneficiamento de matérias-primas e a cultura da lavoura. Já as redes de comercialização, organizam centrais de abastecimento e distribuição dos produtos agrícolas, industrializados e beneficiados. Paralelamente ao trabalho de comercialização, os grupos estão estudando alternativas sustentáveis de produção, buscando novas formas de convivência com a terra e com a água. Existem ainda as redes de organizações com vistas à intervenção nas políticas públicas e as redes de consumidores, ainda em fase inicial no Brasil, que têm como objeti


vo favorecer o acesso a produtos naturais confiáveis a preços justos, eliminando o atravessador e valorizando socialmente os produtores das mercadorias.

Já faz algum tempo que venho observando o movimento da Economia Solidária em nosso país e sempre tive a impressão de que tinha algo que empacava o seu desenvolvimento. Em visita a Feira de Economia Solidária, evento que integrou a Teia – Cultura Viva, no início do mês, pude confirmar a suspeita de que o composto mercadológico Preço é o grande vilão dessa história. Explico: embora o produto típico da economia solidária tenha muitos valores agregados, seu preço não é compatível com o público para o qual ele é dirigido (classes média baixa e média média).

Este, aparentemente, pequeno erro de marketing, gera uma série de outros equívocos estratégicos que estão atrapalhando consideravelmente o posicionamento desse importante movimento econômico. Trata-se de um problema mercadológico que breca o escoamento de toda uma cadeia de produtos que, para conquistarem o mercado precisam ser solidários também e, principalmente, no preço ao consumidor final.

* Comunicólogo, mestre em Artes, especialista em Educação e em Fé e Política

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