Paula de Tarso
Médium em formação
Eu acordei e vi minha mãe sorrindo aos pés da cama. Ela me olhava com firmeza e sorria com doçura. Parecia me dizer algo, não ouvi... Ela estendeu a mão para mim, assustei-me, olhei rapidamente para o espelho e vi meu rosto inchado de tanto chorar. Voltei o olhar para minha mãe e ela já não estava lá. Corri pela casa e não a encontrei. Lembrei-me de que estava só. Minha mãe tinha morrido há um ano, por que não me lembrei antes?
Olhei o relógio e vi que ia me atrasar, tinha que ir para meu curso. Fui o mais rápido que pude, troquei de roupa, não comi nada. Finalmente desci e fui para a garagem... o carro não ligava. Por que na hora que mais precisamos as coisas dão errado?
Corri para a rua, andei - na verdade, quase corri -, procurando um ponto de ônibus, qual a última vez que tinha pego ônibus mesmo? Não me lembrava quão longe poderia estar o ponto mais próximo. E, enfim, achei o ponto, tinha que atravessar a rua e, de repente, não vi mais nada...
Acordei e vi muita gente ao meu redor. Sorri e disse:
- Eu estou bem, gente?!
- Tá tudo bem.
Percebi que as pessoas continuavam ali me examinando, levantei e quase desmaiei de novo. Como eu podia estar de pé e ao mesmo tempo lá no chão? Ouvi alguém dizer:
- Parece que morreu mesmo!
Aí, sim, eu surtei:
- Gente? Como assim... morri? Olha eu aqui! Que absurdo!!.
Por mais que eu gritasse, ninguém parecia me ouvir. Desabei, sentei na calçada e comecei a falar comigo mesma: “Não é verdade, não pode, eu estou viva!”.
Uma senhora parou em minha frente. Olhei para cima e vi que era minha mãe. “De novo aquela alucinação...”, pensei.
- Alucinação!? - minha mãe parecia curiosa.
Coloquei-me de pé muito rapidamente:
- Mãe!? Como é possível?
- Minha querida, senti tanto sua falta – ela sorriu serena.
- O q... q... quê?
Ela me puxou e disse sem mexer os lábios:
- Vem comigo que eu te explico...