É hora de pegar o trem, por Wilson Roberto Giustino

Jornal O Norte
20/01/2007 às 14:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:56

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou muito claro que seu segundo mandato será marcado pelo crescimento da economia. Talvez não ocorra no PIB o salto de 5% ao ano com que ele sonha, mas é certo que fará o possível e o impossível para deixar como legado um Brasil com mais empregos e melhor distribuição de renda.





Houve no primeiro mandato a promessa de criação de 10 milhões de empregos, mas a maioria dos programas, lançados com pompa e discursos inflamados, não teve final feliz. Tanto é que o desemprego permanece na casa dos 10% da População Economicamente Ativa (PEA), segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tudo aponta, no entanto, para um novo cenário.





Para os jovens que estão à margem do mercado de trabalho, os próximos anos serão promissores. Com certeza haverá mais ofertas de empregos. E as portas se abrirão com mais facilidade aos que estiverem melhor preparados. Nunca é demais insistir também no fato de que os mais especializados terão acesso a melhores salários.





Por isso, um conselho aos jovens: não há tempo a perder. Preparem-se. Estudem com afinco redobrado e procurem se especializar em uma das tantas funções hoje oferecidas no mundo corporativo. Optem pela que mais se ajustar a seu perfil e à sua vocação. Não faltam bons cursos no mercado, seja em áreas administrativas, técnicas ou de relacionamento. O importante é não ficar parado. É hora de pegar o trem. E um bom curso pode ser o bilhete necessário para embarcar com destino a um futuro promissor.

SEM ESPERANÇA





Hoje, apesar dos esforços empreendidos pelos últimos governos, tanto nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso como nos quatro de Lula, e por entidades particulares de ensino, o Brasil ainda vive um momento histórico angustiante: não consegue transmitir esperança de um futuro estável para seus jovens. Tal fenômeno começou com a abertura ao exterior, desencadeada no início da década de 90, e deixou marcas profundas de frustração, especialmente nas classes mais pobres.





Mas também atingiu milhares de filhos de famílias da classe média. A falta de perspectivas refletiu-se no aumento da criminalidade e na desintegração do tecido social. Os jovens que fazem malabarismos nos faróis (ou sinaleiros) em avenidas de nossas grandes cidades, na esperança de levantar uns trocados, não estão aí por acaso. São resultado de uma política que durante anos “ignorou” a importância da geração de empregos.  





O desemprego entre os jovens é hoje uma das maiores dívidas sociais. Existem 3,5 milhões de pessoas com idade entre os 16 e 24 anos fora do mercado de trabalho. Os jovens, de acordo com o IBGE, são 45% do total de desempregados do país, a maioria sem qualificação. Outra pesquisa, feita pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e pelo Instituto Polis, trouxe um dado ainda mais assustador: 27% dos brasileiros com idades entre 15 e 24 anos não trabalham nem estudam.





Enquanto olhamos para o Planalto, à espera que de lá saiam soluções para nossos jovens, não podemos ficar de braços cruzados. Qualquer pessoa, em qualquer cidade, pode, com um pouco de boa vontade, tomar atitudes de extrema importância: primeiro, converse com os jovens desempregados e afastados da escola. Transmita esperança. Dê conselhos que possam levá-los a pensar em uma nova realidade. Segundo, faça algo concreto. Forme um grupo de ação e defina uma estratégia para levar crianças e jovens abandonados aos bancos da escola.





O Brasil carrega essa dívida para com seus jovens, que sem dúvida vivem o período mais negro das últimas décadas no que diz respeito às dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. Mas o momento é de mudança. É hora de unir esforços. Aos jovens que chegam, fica um ditado da sabedoria popular, mas que revela a importância de não perder oportunidades: “Cavalo encilhado não passa duas vezes pela nossa frente”.


 


 *Wilson Roberto Giustino é presidente do


CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos)

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