Do centenário ao sesquicentenário - por Haroldo Lívio de Oliveira

Jornal O Norte
Publicado em 30/07/2007 às 14:57.Atualizado em 15/11/2021 às 08:11.

Haroldo Lívio de Oliveira *



Por mera distração, deixei de participar do grandioso desfile Histórico-folclórico do Centenário da Cidade, em três de julho de 1957. Da turma do diretório dos estudantes, Lúcio Bemquerer caracterizou-se no papel de Fernão Dias Paes,o Caçador de Esmeraldas, e Lauro Vasconcelos Nascimento representou o bandeirante Antônio Gonçalves Figueira, que fundou a fazenda Montes Claros há precisos 300 anos. Perdi de desfilar, porém, não posso me queixar do que aproveitei na empolgação vivida por todos nós naquelas manhãs, tardes e noites inesquecíveis, ao som da Vovó Centenária, do fox Only you e da canção francesa Du rififi chez les hommes?.



Hoje, meio século passado, também não posso me queixar das atenções que me foram dispensadas na comemoração do Sesquicentenário da Cidade. Talvez nem seja merecedor, em face das falhas que foram cometidas, mas seria falsa modéstia negar que fiquei muito feliz por terem se lembrado de mim, na hora de jogar confete. Primeiro, fui colhido de surpresa quando a inspirada fotógrafa Ângela Ferreira me incluiu na galeria de retratos, em formato de folhinha, das pessoas de Montes Claros, entre vivos e mortos, por quem ela tem predileção. Trata-se de uma escolha pessoal,sem interferência de terceiro.



Na etapa seguinte, elegeram-me para a lista Eles fizeram história, da medalha Civitas, que tanto deu o que falar. Achei, aí, que estavam exagerando, pois para mim já era muito aparecer na folhinha de Ângela, que tem a bondade de um anjo.



Em seguida, o jornal O Norte fez uma eleição on line das 150 pessoas mais ilustres de Montes Claros e fui incluído, embora, sinceramente não me considere como tal. Não sou nenhum poço de vaidades, mas sou humano, de carne e osso, com direito a uma dose discreta de vaidade.



Acho que me envaideci quando meu livro Nelson Viana, o personagem foi selecionado para integrar a Coleção  Sesquicentenária, editada pela Unimontes sob a coordenação da historiadora Marta Verônica Vasconcelos Leite. Parece que essa escolha me deixou mais feliz do que quando meu livrinho foi selecionado para a Coleção Mineiriana, da Fundação João Pinheiro, porque agora é santo de casa fazendo milagre. Porque livro é como filho da gente, e quem beija a boca do filho adoça a boca do pai, segundo já diziam nossos tataravós.



Nessas farras do Sesquicentenário, minha maior emoção, contudo, foi ter participado na redação de um discurso para ser lido pelo



presidente da República, na solenidade de entrega das medalhas Civitas e Urbis, na data magna do aniversário da cidade. Fiquei sabendo de minha participação somente quando o presidente em exercício discorria, eloqüentemente, sobre as origens históricas da cidade. Com grande surpresa e muita honra para mim, reconheci trechos inteiros de uma reportagem que escrevi, no ano 2000, para o catálogo telefônico do Jornal de Notícias. O redator aproveitou o máximo que pôde e não citou a fonte onde bebeu o conteúdo histórico do discurso presidencial.



Ele deve ter lá suas razões para dispensar-se da citação. Se fosse



um autor conhecido, como Cyro dos Anjos ou Darcy Ribeiro, talvez tivesse citado. Tudo bem, já que fiquei imensamente feliz e gratificado com a transcrição de meu texto na fala presidencial. Da mesma forma, sou grato e penhorado ao amigo oculto que recomendou meu texto ao redator do Palácio do Planalto. Eu sei quem é o amigo oculto, e ele sabe que eu sei que foi ele quem indicou a transcrição. Quem encontra um amigo, encontra um tesouro, diz o Livro Sagrado.



* Jornalista, escritor e historiador

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