Desconfortos do inverno - por Dener Versiani Krüger

Jornal O Norte
Publicado em 20/07/2007 às 17:09.Atualizado em 15/11/2021 às 08:10.

Dener Versiani Krüger *



Ao aconchego, aliás, longe do meu aconchego, fico a imaginar que, ser gordo só e bom mesmo em tempos de inverno, pois, protótipo de esqueleto, como tal sou, descarrega pecados de tanto bater queixo. Nestes tempos de frio até a minha alma caminha  mancando.



As orelhas ficam mais frias que focinho de cachorro.



Tenho o maior respeito aos que adoram este clima, porém, discordo radicalmente que seja prazeroso, o que afirma o Luiz Chaves, do PT, do Iter e do Rio Grande do Sul. Certa época, em férias em Betim-MG, teve ele que me emprestar um casaco para que agüentasse vir embora. Até os termômetros, acho que estavam congelando e, ele, o Luiz, aquela gracinha de bermudas, mais parecendo um pingüim de cerrado



Nada me obsta em afirmar que clima frio foi feito pra país rico, ou então  pra pobre metido a besta. Naqueles países existem as tais calefações nos locais mais freqüentados pelo público.



Nestes tais países, jamais aconteceria o que ocorreu comigo lá no curalzim do boi, ou seja; suvelei pra cama correndo do frio. Se me vissem, vocês, em uma festa no Pentáurea, com certeza estariam frente a um picolé de ossos.



Voltando aos países ricos, neles geralmente ou quase sempre, as pessoas têm condições de comprar tudo aquilo que é essencial para suportar o clima hostil, desde alimentação apropriada até o lazer fora de casa, em condições humanas. Lembro-me que aqui em Montes Claros, na Rua Camilo Prates, tinha uma casa acolhedora chamada Chalet Marrom, de propriedade de Luiz. Quebrou.



Hodiernamente, se você se arriscar a sair numa destas noites frias, além de enfrentar um deserto pelas ruas, com certeza não irá encontrar sequer um mísero boteco ou restaurante com ar condicionado, quanto mais com a tal calefação (aqui nem sabem o que é isto). No máximo alguns, na Avenida Sanitária, esticam lonas como barra vento.



Os pratos saem fumegantes da cozinha e chegam na mesa do desventurado friozinhos da silva. Ainda não descobriram um método de manter a comida aquecida por mais tempo, aliás, a única comida que não esfria é arroz empapado, mingau de fubá e caldo de mocotó. Para comermos esta, essa e aquela, temos que soprar até a ultima colherada, senão poderá queimar o céu da boca ou então o pinguelo da garganta. Nome feio né ?



Os lotações circulam com as janelas fechadas para evitar a entrada do vento frio e chato. Mas aí não existe circulação de ar e, o ambiente fica carregado e irrespirável. Ainda bem que proibiram fumar dentro dos onibus, menos mal, mas, em compensação soltam peidos estrepitosos (esta saiu do Aurélio)e mal-cheirosos, tem algum que cheira bem?. E os desodorantes vencidos ? O que torna o ambiente em uma autêntica desgraça e, mais parecendo um biodigestor sobre rodas, sem oferecer nenhuma chance de reação em face a estas armas químicas. Não se sabe quem foi o autor, logo...



Afinal, filho feio não tem pai.



Uma das coisas mais desagradáveis do frio é nariz fungando, pingando beiço abaixo. Tem aquelas pessoas em que, simplesmente escorre um líquido narina abaixo e, ela nem consegue dar conta de limpar o dito cujo. Fica mais parecendo um caminho de lesma. Sem falar dos espirros de gripe, que espalham um festival de saliva  pelo recinto. Coisa de louco.



Nós homens, no inverno, temos uma preocupação a mais, a vontade miccional, ou seja, a de mijar, tem que ser antecipada pois, até encontrarmos o pinto poderá ser tarde demais e aí.....



É por esta e por outras que vemos seres masculinos nesta época saírem do banheiro com a calça respingada, pudera, não deu tempo, o bicho tava miudiquinho e dormindo. Culpa do tempo frio.



Bom mesmo nos dias desta estação, é ficarmos sob um edredom. É uma unanimidade, ou quase, o prazer de ficar na cama quentinha, sob um mundaréu de cobertas assistindo a um bom filme e, somente com os olhos e o controle remoto pelo lado de fora. Que nem uma foca.



Em compensação, tomar banho é uma sessão de tortura.



Moacir da venda, lá na Vila Guilhermina, me disse que vende o banho pelo menos três vezes na semana, nesta época frienta.



Já eu não tenho tanta preocupação com o banho. O que me entristece é na hora de tirar a roupa e, ao sair do banho, vesti-la. Parece que o frio migra todo para a roupa. Não é de graça que quase todos, após o banho se empacotam.



Outro aspecto que dá goleada no tempo frio, em favor dos dias quentes: a sensualidade exposta pelas mulheres. Basta uma subida nos termômetros, calorzinho, para elas revelarem-se, é como na música de Raul, metamorfose ambulante ou, como que um casulo transformando-se em borboleta. Se bem que, segundo os entendidos, não é o meu caso, as mulheres ficam mais elegantes no frio, black tie, com uma série de possibilidades oferecidas pelo guarda-roupas.



No calor é tudo mais simples e natural, sem pretextos ou falsos enchimentos. Enfim, esta é outra história.



PS; neste final de semana li em, exatamente 04 (quatro crônicas) a palavra insossa, gostei, assim sendo dêem uma desinsossada na minha...



* Acadêmico de Direito e sócio da Aclecia

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