Depoimento: Um ato de covardia contra a imprensa

Jornal O Norte
Publicado em 17/06/2008 às 11:39.Atualizado em 15/11/2021 às 07:35.

Alexsandro Mesquita


 


Vivemos cada vez mais reféns do medo, da repressão e da covardia de pessoas que não têm nenhuma estrutura psicológica de estar à frente de cargos públicos. Faz aproximadamente três anos que trabalho no jornal O NORTE e nunca vi nada igual ao que tem acontecido comigo nos últimos meses.



Depois de publicar matéria denunciando escândalo envolvendo falsificação de assinatura na câmara de Glaucilândia, fato posteriormente assumido publicamente pelo vereador Ricardo Soares, através deste mesmo veículo de comunicação, no início de setembro de 2007 sofri várias formas de coação por parte deste vereador. Uma delas através de e-mail enviado ao editor chefe Reginauro Silva. O texto dizia que eu iria ser processado por esse mesmo vereador, dentre outras coisas.



Até aí tudo bem. Mas, na madrugada de domingo, 15, fui agredido fisicamente e moralmente por esse vereador, que tenta silenciar a imprensa local com o abuso de poder. Desta última vez, armou uma tocaia durante festa realizada na localidade de Tabocal, para me agredir.



Enquanto saí para buscar um chapéu no meu veículo, a 200 metros do local da festa, fui acompanhado pela família desse rapaz, que ficou à minha espera,  aproveitando-se do lugar vazio de pessoas e um pouco escuro. Ao voltar, fui espancado pelo vereador Ricardo Soares, pela esposa dele, que inclusive é funcionária da Santa Casa de Misericórdia de Montes Claros, e se chama Edna Maria de Souza; e pelos pais do vereador, Vanderlene Rodrigues Soares e Selvino Soares Oliveira, comerciantes locais. Ao cair no chão, após levar um soco no rosto, essa família me espancou com pontapés, até o momento em que a polícia chegou. Ao tentar proteger meu rosto, que ficou com hematomas principalmente na testa, tive a jaqueta rasgada com os chutes que levei.



Isto é muito sério, pois temos casos como o de Tim Lopes, jornalista morto brutalmente em 2002 no Rio de Janeiro, em pleno exercício de sua profissão. Enquanto a polícia militar fazia a ocorrência, fui novamente agredido moralmente. Vanderlene e Edna Maria, mãe e esposa respectivamente do agressor-mor começaram a me chamar de Bambi, veado e Bernadinho (fazendo referência ao personagem vivido por Thiago Mendonça em Duas Caras, novela da rede Globo). Puro ato de selvageria e preconceito.  Entretanto, o que mais me assusta não é o fato de ter sido espancado, e sim a forma com que sou tratado até hoje pelos que se julgam detentores do poder. Falta respeito ao profissional da imprensa e aos poucos vemos o passado bater à porta. Além de não ter tido a chance de me defender, pois ao cair no chão fui chutado incessantemente, ainda estou ameaçado de morte. Espero que as autoridades fiquem atentas, antes que algo de pior aconteça. Como profissional que sou, o meu trabalho continuará.



Agradeço a todas as pessoas que me visitaram durante todo o dia domingo e ontem; e que também têm rezado por mim e por uma Glaucilândia mais justa e sem violência.

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