Jorge Silveira
Estimado colega Sidney Cruz,
Não nos interessa abrir polêmica sobre os gastos da prefeitura com publicidade, mas como o caro colega contestou publicamente alguns itens de artigo que publicamos, somos obrigados a voltar ao assunto. Para deixar bem claros pontos que ficaram mal explicados e com interpretações dúbias.
Em primeiro lugar, que fique devidamente esclarecido que não somos contra assessores de imprensa que de fato trabalhem. Somos contra os que não trabalham e que apenas recebem o contracheque no final do mês. De fato fomos por 31 anos assessor de comunicação da CODEVASF em Montes Claros. Nunca faltamos a um dia sequer de serviço e sempre cumprimos religiosamente nosso horário. Quem quiser comprovar, pode procurar o setor de Recursos Humanos da CODEVASF para verificar. Portanto, nada temos contra aqueles colegas jornalistas que recebem da prefeitura, mas realmente trabalham, cumprindo horário e comparecendo todos os dias ao serviço. Estes, não precisam se envergonhar do que fazem e do que recebem.
Quando dissemos que a prefeitura emprega grande parte dos jornalistas da cidade, simplesmente repetimos o que já ouvimos de empregados da própria municipalidade. Para que tudo fique devidamente esclarecido e os fatos condizentes com a verdade, seria ótimo se o companheiro Sidney Cruz publicasse a relação dos jornalistas contratados (ou que recebem) pela prefeitura. Aí, saberíamos quantos são e os que realmente trabalham. Se estivermos errados, admitiremos o erro. Mas dizer apenas que não é verdade, sem apresentar as provas, é puro desvio de conversa. Assim, ficamos esperando a publicação da relação dos jornalistas contratados, para que de fato se comprove a honestidade e o zelo com a coisa pública.
Em segundo lugar, em nenhum momento dissemos que a propaganda da prefeitura era feita fora da lei. Citamos apenas que o vereador Athos Mameluque comemorava, naquela semana (notícia publicada pelo jornal O NORTE DE MINAS), decisão judicial que impedia que o município continuasse divulgando como suas obras que de fato são do governo do Estado. Se a notícia não é verdadeira, que o companheiro Sidney Cruz replique o jornal que deu a notícia. Apesar de que, o simples fato de a publicidade institucional estar dentro da lei não comprova que não há excessos. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa...
Para comprovar com números que não há o excesso, seria interessante que a Secom divulgasse publicamente, pelos jornais, o montante que será gasto neste ano com publicidade (incluídos aí os salários dos jornalistas contratados), comparando os números com os recursos destinados à Cultura e ao Meio Ambiente. Aí sim, o respeitável público, de forma séria e transparente, teria como saber ao certo se está havendo desperdício do dinheiro público. E como este é um ano eleitoral, esta seria uma ótima forma de demonstrar claramente que não está havendo nenhum tipo de concorrência desleal para com os adversários. Se ficar evidente que não há excesso, seremos os primeiros a reconhecer o erro, aqui desta coluna.
Para finalizar, queremos lembrar ao nosso companheiro Sidney Cruz, se é que ele não sabe, que temos 46 anos de militância na imprensa de Montes Claros e nunca tivemos rabo preso a ninguém, muito menos a qualquer político (mesmo sendo amigo de muitos). Sempre fizemos questão de nossa independência. Mesmo trabalhando 31 anos como assessor de comunicação da CODEVASF, não se achará uma linha sequer de nossa autoria elogiando aquela empresa ou puxando o saco de seus superintendentes. Sempre soubemos separar as coisas, aí sim, com ética e transparência. Nunca confundimos alho com bugalhos.
Por fim, um esclarecimento, agora aos nossos leitores: na coluna que gerou esta polêmica, o que pretendíamos era mostrar a diferença de comportamento entre o prefeito Toninho Rebello, que tinha profundo respeito e responsabilidade com o dinheiro público, e os governantes de hoje. Mas como bem disse o colega Sidney Cruz: cada um no seu tempo. E gostem ou não gostem alguns, vamos continuar mostrando e comparando. Talvez esta seja a forma mais didática de relembrar para os leitores mais jovens a figura de um administrador que detestava quando a imprensa destacava a sua honestidade. A estes ele respondia: “Honestidade não é virtude ou qualidade, é obrigação”.