Juliete Mendes Brito *
Hoje, ao me deparar com o espelho, não me vi mais com aquele sentimento de amor; não era mais aquela menina boba, sem graça, que acreditava em tudo porque tudo era suficiente e necessário...
Na simples visão de um luxo a que me permitia ser mais que alguém. As pessoas esquecem de si mesmas nessa estéril procura de mentes vis. O que vi no meu espelho era um desejo cru. Uma intensidade de ser um nada sofisticado.
A razão do luxo é o objeto construído em cima do homem primitivo; os mesmos procuram não viver para serem só um rico e vulgo alguém civilizado. Estranho, mas tenho saudade do passado e essa saudade é constituída de uma beleza interminável, pois há do que sentir falta. Falta do vago sentimento de igualdade...
- Sabe qual foi a minha conclusão? Senti-me parecida demais com ninguém
Por um momento chorei como nunca havia chorado, e não sou de chorar; como os fracos humanos, eu também não consigo admitir meu orgulho; meu amor, minha dor...
Sabe qual foi a minha conclusão? Senti-me parecida demais com ninguém. Eis a razão deste poema, porque não há razão para haver poema. E não há motivo para se sentir vazia, já que não há certeza de nada...
Por que essas malditas alminhas capitalistas, todas com seus crucifixos e em suas igrejas? Devem estar buscando o perdão... da imundície do que eles mesmos criam e criaram no passado, em cima de bruxas, feitiços e fogueiras. Decerto o conhecimento agride o poderio superior, mas também não há um deus...
Nós somos o espaço do divino e, se não o aclamarmos em templos ou igrejas o nome do santíssimo, a igreja deixa de ser o principal enredo. A estúpida desumanidade me faz encarar a morte como um alvissareiro da paz. Esses estúpidos causadores do desencantamento da vida é gente como eu, como você. A vida se tornou uma sina que anuncia a morte pacifica, pois não há razão na felicidade humana; não há nada pronto; a criação humana é a razão desta poesia maldita.
* acadêmica