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Sexta-Feira,20 de Setembro

Cutuquei a Unimontes com vara longa

Jornal O Norte
05/11/2009 às 09:57.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:16

Yago Cavalcante

Estou em festa comigo mesmo. Cheguei a soltar um rojão de 6 tiros. Redigi um artigo que não apenas expôs as mazelas de uma instituição pública cujos usuários se encontram expressamente insatisfeitos. Ele foi além. O texto “As periódicas rasteiras da Unimontes”, publicado na edição de 28 de outubro, extrapolou os limites dos leitores e alvejou a raiz do problema em questão, o manancial de decisões despóticas, a reitoria da Universidade Estadual de Montes Claros.

Não quero vangloriar-me. Não há motivo para isso – as barbáries certamente persistirão. No entanto não me custou muito tempo para ser rebatido em dupla dose. Por meio de uma nota oficial à imprensa, a reitoria tentou explicar-se perante as críticas que fiz a ela no artigo. Mas se frustrou. Usou de digressão. Recusou-se a responder nosso principal questionamento: por que ela, em companhia da Cotec, insiste em adotar medidas repentinas e desprovidas de consulta discente?

Na nota, a Unimontes confessou que, desde março deste ano, no XI Encontro do PAES, ela cogitou a inclusão da Filosofia e da Sociologia no concurso vestibular. A confissão, apesar de condizer com a verdade, volta a simbolizar as frágeis diretrizes que gerem a universidade. Como se observa, a possibilidade foi discutida em um encontro do processo seletivo seriado, que sequer sofrerá alteração dessa espécie. Além disso, não foi atribuído qualquer caráter oficial a essa cogitação, o que se configura, portanto, como um boato, um rumor, para não dizer fofoca. – A justificativa foi falha. O tiro saiu pela culatra.

O outro contra-ataque, que também se malogrou, manifestou-se em um texto publicado ontem, em O NORTE. Nele, o próprio reitor da Unimontes, Paulo César Gonçalves, volta a discutir teses axiomáticas e a criticar aqueles que condenam a inclusão de ambas as disciplinas no processo vestibular. Ele criticou a parede da minha casa. Só um conglomerado de tijolos se ousaria a contestar a relevância da Filosofia e da Sociologia como ciências. Como não sou de barro, comemoro mais uma vez a modificação na prova da Unimontes, mas insisto em reprovar a desorganização, as intempestividades e o modo repentino como a classe discente é geralmente notificada sobre mudanças como essa.

“- Magnífico reitor, primemos pela conveniência mútua e irrestrita. Os pré-vestibulandos sempre devem ser oficialmente informados a respeito de qualquer iminência de modificações referentes ao processo seletivo que lhes interessa. Professores e alunos não podem trabalhar embasados em meros boatos que os deixem inseguros. Portanto o convido a firmar um acordo simples. Dou minha palavra. Caso eu venha a faltar com ela, serei réu primário. O pacto é o seguinte: a Unimontes, enquanto instituição pública mantida por impostos, não mais surpreenderá seus jovens contribuintes; os candidatos, por sua vez, agora mais seguros, continuarão a se esforçar pelo ingresso na universidade; e eu, por bom senso, reconhecerei a harmonia universidade-vestibulandos, bem como a louvarei.”

Só assim poderei vangloriar-me pelo ato diplomático que propus e, quem sabe, até soltar alguns outros rojões, mas dessa vez, de 12 ou de 18 tiros.

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