Cristina, Natal e Tadeu

Jornal O Norte
Publicado em 30/08/2010 às 09:59.Atualizado em 15/11/2021 às 06:37.

Marcelo Valmor


Professor universitário e articulista político



O “estrangeiro” que se antecipasse ao título acima sem ler o texto completo deduziria que estaríamos a comentar sobre as adoradoras de Cristo (significado de Cristina), a maior festa religiosa católica (Natal) e ao santo das causas desesperadas (São Judas Tadeu).



Mas, para o bom leitor, aquele que costuma partir do início até o final do texto, o buraco é mais embaixo. A combinação acima se trata da recente polêmica envolvendo a vice-prefeita Cristina Pereira (PP), o empresário Natalino Gonçalves e o prefeito Tadeu Leite (PMDB). Mas, qual polêmica? O excesso de acordos para ocupar a cadeira do terceiro andar do executivo local.



Quando o deputado estadual Ruy Muniz (DEM) não conseguiu vaga no segundo turno para as últimas eleições municipais, liberou seus apoiadores para seguirem caminho próprio. Ele mesmo declarou, imediatamente, seu apoio a Athos Avelino (PPS), enquanto até mesmo o irmão anunciou, aos gritos, apoio a Tadeu Leite (PMDB). Nada demais. Cada um segue sua sina.



Carlos Pimenta, Sebastião Pimenta, Jairo Ataíde e Ana Maria imediatamente cerraram fileiras com o atual chefe do executivo, numa tentativa desesperada de se manterem no poder. Portanto, nada tem que reclamar neste momento.



A demissão de funcionários do gabinete da vice-prefeita foi só mais uma fenda aberta numa relação onde os interesses pessoais falaram mais alto do que os interesses públicos. Onde a necessidade de sobrevivência política abriu mais espaços do que a preocupação com o bem público.



A política é assim? Talvez. O articulista é ingênuo e não consegue perceber que isso é briga de cachorro grande? Talvez. Política é coisa para profissionais? Talvez. Mas certeza mesmo só tenho uma: a população de Montes Claros não merece uma representação política que prima pelos interesses meramente privados. Não merece acordos que não levem em conta, também, os interesses de todos. Política para mim é assim.



Quanto ao papel desempenhado pelo empresário Natalino, cabe um comentário à parte. Natal, como é mais conhecido, teve o seu tapete puxado quando se candidatou a vereador nas últimas eleições. Tem agora, novamente, seu outro tapete puxado pelo grupo do atual prefeito. Natal é ingênuo? Não acredito. Acredito que é mal assessorado. Tivesse gente mais competente à sua volta, e não estaria passando por esses constrangimentos. Ele não merece.



Quanto ao rumo dessas coligações, ao eleitor só me resta fazer um alerta: recusem mais esse acórdão; tratem essas brigas como diferenças de votos a serem conquistados em outubro próximo, e tratem de fazer suas escolhas longe dessas diferenças de vizinhos. Merecemos mais!



Olhem para as novidades que estão surgindo na cena política local. Pesquisem as novas possibilidades. A Unimontes está apresentando candidato a deputado, as faculdades privadas também, o comércio idem. Reflitam sobre a possibilidade de renovação da nossa representação política, ou, então, na possibilidade de que essas pessoas passem a tratar a coisa pública como ela de fato é: de todos!



O comércio volumoso que o norte de Minas apresenta, somado a mais de um milhão e meio de votos, e uma representação intelectual que brota de várias universidades locais, carecem de uma representação mais eficiente.



Por que vocês acham que o Lula (PT) tem mais de oitenta por cento de aprovação? Porque respeita as pessoas.



Este é o princípio!

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