Francisco Caracas *

Montes Claros está fazendo 150 anos e isso é bom. Nosso povo tem muito a desejar e a comemorar, porque gostamos de nossa terra e somos apegados às nossas tradições. Mas, como em toda cidade que cresce, os problemas vão também aparecendo e avolumando-se, deixando-nos, no que diz respeito à segurança, acuados e vulneráveis. A sensação nas ruas tem sido de medo e de preocupação.

Este pequeno texto tem por finalidade tentar descobrir por qual motivo o julgamento do brutal assassinato de Igor Xavier, ocorrido há uns cinco anos, não consegue acontecer. Será que os homicidas confessos não podem ser julgados pela brutal atitude que cometeram? Será que o sobrenome e o dinheiro que eles têm fazem alguma diferença? Será que não contam a dor e a revolta dos amigos, admiradores e dos pais (em especial da mãe, que sente um mundo menor, na perca de um filho que tanto ama?). Será? O que será que é ou que querem parecer essas lacunas das leis brasileiras? Por onde é que eles (pai e filho Athayde’s) entram e como conseguem de maneira tão absurdamente escrachada e sem-vergonha, passar impunes?

O pior de tudo isso é que eles debocham e riem de nossas angústias, dão gargalhadas de nossas caras, pois têm quase certeza de que nada de ruim (se é que eles possuem noção do que signifique esse adjetivo) possa lhes ocorrer. Dona Marlene Xavier, mãe do artista morto, não se cansa e gostaria muito de ver esses chiques bandidos presos, pagando pelo que fizeram, ainda que isso não traga seu filho, nosso amigo, de volta ao nosso convívio.

O que será que fez com que o assassino do menino Sidney Júnior fosse preso rapidamente, levado à penitenciária de Francisco Sá e vai fazer com que seja julgado logo logo, recebendo enfaticamente a sentença de 40, 50, muitos anos de recolhimento? Parece-me que o marginal, desocupado e frio bandido que abusou de um garoto cheio de planos não tem um bom sobrenome, aliás, é desprovido de grana... Não tem ninguém que cuide dele. Todos três, especialmente este último, merecem as piores penalidades, já que roubaram pessoas de famílias, apagaram amores do seio de pais e mães. Os crimes são/foram feios, horrendos... Mas, certamente mais terrível ainda são esses abismos sociais em que vivemos.

Estamos em meio a um terremoto social, do qual sobrevivem aqueles que se agarram no que o prestígio e o dinheiro que podem oferecer. O bandido Francisco que abusou e matou o garoto da Vila Regina já está preso. A lei e as ações policiais foram eficientes, hien?! Muito bom. No entanto, o lado oposto dessa pequena história – pai e filho de família tradicional sequer vão aos tribunais, por quê? 

Infelizmente, todos sabemos a(s) resposta(s). A justiça no Brasil será que pode ser comprada? Reflitamos.

* Professor de Gramática e Redação do projeto Soebras de educação popular