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Segunda-Feira,25 de Novembro
Dário Cotrim

O saudoso poeta Artur Lobo

20/11/2021 às 00:10.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:17

Perscrutando as prateleiras da Biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, encontramos um interessante livro de poemas: Joias da Poesia Mineira, de Da Costa Santos, que foi oferecido ao historiador Simeão Ribeiro Pires, pelo autor, na data de 1952, em Belo Horizonte.

Na página 130 encontramos anotações sobre o poeta Artur Lobo, que nasceu no distrito do Santíssimo Coração de Jesus, município de Montes Claros, no dia 9 de setembro de 1869, e morreu no dia 25 de setembro de 1901, em Belo Horizonte.

Conforme disse a professora Yvonne de Oliveira Silveira, o poeta Artur Lobo exerceu os mais variados cargos públicos em Minas Gerais. Na cidade de Sabará ele foi Escrivão de Órfãos e, com a participação do amigo Avelino Fóscolo, fundou o informativo “O Contemporâneo”.

Em Belo Horizonte dirigiu o “Diário de Minas”. Foi ainda professor de Língua Portuguesa e de Literatura Nacional na Escola Normal de Uberaba, quando teve que renunciar ao cargo por suspeita de assassinar o diretor daquele educandário, professor tenente Artiga.

Não sei quem foi o primeiro autor montes-clarense a publicar livros, mas tenho informações que Artur Lobo foi o segundo. As suas primeiras publicações literárias continham os mais belos versos com as características do simbolismo: “Lei Universal”, “Evangelho”, “Rythmos”, “Rimas” e “Kermesses”.

Escreveu os romances: “Um Escândalo”, “O Outro” e “Rossais”, este que foi traduzido para o espanhol. No gênero dramático produziu a “Princesa Flor de Abril”.

Ainda colaborou com várias revistas literárias de Belo Horizonte. Numa análise do ilustre jornalista Pelayo Serrano, do Anuário de Minas Gerais, volume 1, foi assim registrado: “Rimas chamadoras das Kermesses, estrofes rutilantes dos Evangelhos: para que ficareis, in aeternum, in memoriam mostra, senão para que sempre recordemos o finíssimo artista – manejador exímio do verso anacreôntico, do carme lírico e dos épicos cantares?”. 

Era comum aos jovens montes-clarenses o amor incondicional pela sua terra, sempre plagiando o espírito juca-pratismo nos momentos das doces recordações, em terras distantes.

Artur Lobo em nada foi diferente dos outros poetas. Já no início do século XX viveu e sofreu de saudades da terra amada. Também era trovador extremamente apaixonado. Vejamos: “Dá-me sem temores, dá-me sem receios; teu estrado de ouro mais o teu docel; quero vir beber na concha de teus seios; da volúpia netar, de teu beijo de mel”.

Entre a rua Dona Eva, onde ficava a primeira casa da vila de Formigas de Montes Claros, construída por José Lopes de Carvalho, e a rua Gonçalves Figueira existe um beco com o nome de rua Artur Lobo. Era este beco o caminho das mulheres lavadeiras à procura do rio Vieira. Nota-se que a memória do nosso saudoso poeta está estampada bem no centro histórico da cidade. 

Eis aí, prezados confrades, o nosso Artur Lobo entre os melhores poetas de Minas Gerais, na antologia “Joias da Poesia Mineira”, de Da Costa Santos. Este livro foi solenemente dedicado ao exmo. sr. governador do Estado de Minas Gerais, o Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, e ao prefeito de Montes Claros, o capitão Enéas Mineiro de Souza, com as homenagens do autor. 

“Se com isto presto algum serviço à terra mineira, sinto-me sobejamento paga. Não foi outra a minha intenção desinteressada”. 

O Instituto Histórico de Montes Claros sente-se honrado em registrar este pequeno esboço da vida e obra de Artur Lobo.

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