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Segunda-Feira,25 de Novembro
Dário Cotrim

Hercília e Ângelo

05/03/2022 às 00:11.
Atualizado em 05/03/2022 às 10:38

Eureka! Que maravilha! Veja, Júlia, o que eu encontrei lá no Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, o livro “Hercília”, um romance-histórico de Manoel Ambrósio, escritor januarense e autor de outros livros inéditos, vários documentários e escritos sobre o nosso folclore. Este volume veio no acervo de Saul Martins, material doado para o IHGMC, pela filha Jiçara Martins.

Nele, conta a saga vitoriosa de uma família cearense que, fugindo da fome e da peste nas terras áridas do Nordeste, veio para a região de Januária – Norte de Minas. A narrativa é bastante interessante, haja vista que o autor explora as belezas naturais do rio dos Pandeiros, lugar escolhido pelos chegantes para construir uma nova vida.

Portanto, foi na fazenda Boa Vista onde tudo aconteceu “...em mil oitocentos e noventa e três...”, entretanto, o livro só foi escrito no ano de 1905, e, depois, publicado pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, no ano de 1923.

Manoel Ambrósio era um homem extremamente apaixonado por Januária, assim como aconteceu com o seu confrade Saul Martins. Ele canta e encanta toda a beleza de sua terra já nas primeiras narrativas do idílio. Hercília – nome que é dado ao título da obra – é filha do casal Henrique de Oliveira Leal e Lucinha de Nogueira e Castro Leal.

Hercília trouxe-lhes o doce encantamento da beleza de seus olhos e dos seus cabelos “negros como a asa da graúna”. Cresceu e tornou-se mulher. Apaixonada, cometeu o pecado de se engravidar do namorado. Por outro lado, moravam ainda com eles Leandro e dona Ana, agregados da fazenda e pais do jovem Ângelo. Como se não bastasse, tudo começou quando os dois jovens – Hercília e Ângelo – se apaixonam e, consequentemente, ela teria se emprenhada e por isso preferiu fugir com o amante. Há uma pessoa misteriosa nesta história, o senhor Alferes Rocha, que conhecia o teor da narrativa e, no final, discorreu uma pequena retrospectiva dos fatos, desde a chegada da família Leal na fazenda Boa Vista até quando a dor, a angústia e o arrependimento iam, aos poucos, exterminando o velho moribundo Leal.

“Em 1923, o januarense Manoel Ambrósio Alves de Oliveira (1865 -1947) publicou pela Imprensa Oficial de Minas Gerais o livro Hercília, romance histórico, no qual narra os infortúnios de uma donzela sertaneja, filha de um fazendeiro radicado nas proximidades de Januária. Ela tenta viver um amor proibido com o vaqueiro da propriedade. Ao descobrir-se grávida, a jovem foge da ira do pai, o Capitão Leal.

Considerando o subtítulo da obra, é possível que esse enredo tenha sido inspirado na lenda surgida em torno do bandeirante português Manuel Nunes Viana, que teria “lavado” a honra paterna em razão do suposto envolvimento de sua filha com um rapaz de parcas condições. Essa foi, a propósito, a inspiração de Ambrósio para escrever o conto A filha do general emboaba, de Brasil Interior (1934)”. (Folheando)

Manoel Ambrósio Alves de Oliveira nasceu na cidade de Januária, nas barras do Velho Chico, no ano de 1865 e faleceu no ano de 1947. De sua lavra poética foram publicados os seguintes livros: Hercília: romance histórico (1923), Os Laras: no sertão dos guahybas, onde se fez morrer caboclo como o diabo (1938), A Ermida do Planalto: novela regional (1945) e o livro de poesias Paranapetinga (1938).

Nota-se que, postumamente, o romance Antônio Dó: o bandoleiro das barrancas (1976) e Os Mellos: jagunços e potentados no Sertão do São Francisco (2018) vieram a lume. Ele é patrono da Cadeira 75, do Instituto Histórico e Geográfico e os seus livros serão muito importantes na construção do Museu da Antropologia e Etnologia de Montes Claros. 

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