Dário Cotrim

Duas colunas sertanejas

28/01/2022 às 22:40.
Atualizado em 30/01/2022 às 01:07

A história da colonização do território brasileiro nos traz dois momentos cruciais para a conquista das terras e a sua posse. Eram, naquela oportunidade, os bandeirantes os mais influentes homens nas lideranças das campanhas em busca das riquezas ocultas.

Na verdade, o grande chefe dos paulistas foi o bandeirante João Amaro Maciel Parente, que ditava as ordens e decidia as tarefas de seus comandados semibárbaros nas campanhas pelos caminhos do sertão. João Amaro foi o percussor de Fernão Dias Paes, entretanto não teve ele a mesma coragem de enfrentar as dificuldades das matas e os ataques dos índios e dos animais ferozes.

Em certa época mais recente, mas ainda remotíssima, os primeiros exploradores se aventuravam penetrar no interior do território brasileiro na esperança de encontrar riquezas nas margens dos rios ou na crosta das serras. Dessa forma aconteceu com Spinoza e Navarro, no ano de 1553, quando eles perscrutaram a região do Norte de Minas.

Do mesmo modo, o bispo da Bahia, Dom Frei Manuel da Ressureição O.F.M., tomou a iniciativa de enviar um emissário para a cidade de São Paulo a fim de obter a ajuda deste experiente sertanejo – João Amaro – para que ele organizasse duas expedições que iria controlar as revoltas no nordeste brasileiro: a primeira dessas expedições foi comandada pelo mestre de campo Matias Cardoso de Almeida, no combate aos índios no Ceará e do Rio Grande do Norte, e a segunda, pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, que teve a incumbência de fazer guerra aos negros do Quilombo de Palmares.

“Enquanto Domingos Jorge Velho seguia para o norte do Brasil por via marítima, tomou Matias Cardoso de Almeida o caminho do sertão de São Francisco em meados de 1690, servindo-se para etapas, dos pousos criados por Fernão Dias e mais além pelos de Guedes de Brito”.

Para o Norte de Minas, a expedição de Matias Cardoso de Almeida teve importância substancial, haja vista que terminada a campanha contra os índios do Ceará e do Rio Grande do Norte (1694), voltou Matias Cardoso, na companhia do seu genro, o bandeirante Antônio Gonçalves Figueira, para estabelecer-se com fazendas de gado vacum no grande Vale do São Francisco e, também, com o objetivo de povoar toda a vasta região do norte-mineiro.

Muitos benefícios essas expedições deixaram para a história do nordeste brasileiro, não obstante os meios empregados nas conquistas das terras. Os homens eram destemidos. Não havia o apego da família e nem a intermediação de quem quer que seja para aliviar as barbaridades cometidas. No Quilombo dos Palmares aconteceu um verdadeiro “Circo de Horrores”, o que até hoje a história condena da violência empregada na destruição dos quilombos.

Aliás, o pior terror ainda era aplicado pelos líderes dos negros, na pessoa de Francisco Zumbi dos Palmares e do seu tio, o Ganga Zumba. Por outro lado, os bandeirantes, vencendo a guerra contra os índios, fizeram deles seus escravos, cerca de 700 preados, que foram vendidos para os fazendeiros e os senhores de engenho. Na verdade, o mundo sempre esteve em guerra.

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