Entre os grandes romancistas montes-clarenses, Cyro dos Anjos, Darcy Ribeiro, Olintho Silveira destaca-se Corbiniano Rodrigues de Aquino. É verdade que existe uma plêiade de novos escritores, mas muitos deles no oficio da crônica e da poesia, nunca na produção do romance. Então, pode-se dizer que Corbiniano Rodrigues de Aquino, ou simplesmente Corby Aquino, assim como ele gostava de ser chamado, foi o divisor de águas da literatura montes-clarense entre o romance curto e o longo. Entretanto, somente dois livros de sua lavra poética foram lançados com a sua assinatura: “Aconteceu em Serra Azul” e “Aconteceu”.
O primeiro deles, que é tema de nossa Crônica de hoje, trata-se de um livro bem elaborado, onde o autor preocupou em explorar um fato corriqueiro no sertão do Norte de Minas, para ilustrar com galhardia a sua iniciação na literatura romanceada. “Aconteceu em Serra Azul” é um romance policial-romanesco e dramático ao estilo Sherlock Holmes, como bem definiu o seu prefaciador, o confrade Olintho da Silveira. Assim ele nos disse: “Como o mistério é indispensável ao romance do gênero policial, o livro traz muitos, o que aguça a curiosidade do leitor”. Não obstante o tempo já passado, afirmamos com muita convicção que o livro de Corby Aquino, “Aconteceu em Serra Azul”, está plenamente atualizado, pois o tema nele tratado é o tráfico de drogas, esse mau que a cada dia vem destruindo as nossas sagradas famílias e enlameando a sociedade em que vivemos.
Nota-se que a escrita do acadêmico Corby Aquino é bastante simples, direta e contagiante. Ele não usa e nem nunca abusa do neologismo, muito pelo contrário, sempre procurou acatar as tradições e os costumes do seu povo, com dedicação exemplar e o respeito necessário às suas origens. Lúcido ao extremo, em “Aconteceu em Serra Azul”, o autor consegue prender o leitor do princípio ao fim do texto, façanha somente inerente aos grandes escritores brasileiros. Conforme o comentário da época é sabidamente conhecido o valor da contribuição literária que a cidade de Montes Claros recebeu durante o período do pós-modernismo dos escritores oriundos do movimento da Semana da Arte Moderna, de 1922. Visto que, nesse grupo aparece além de Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos, o nosso ilustre Corby Aquino com uma narrativa fluente na produção de um diálogo carregado de mistérios. Por outro lado, num estilo próprio, o que se revela em todo o corpo da obra, o autor se imortalizou de fato e de direito.
Nasceu o poeta e romancista Corby Aquino em Januária – Minas Gerais, no dia oito de agosto de 1915. Ele era filho do casal Minervino e dona Isaura e residiu metade de sua infância da cidade de Avaí, em São Paulo. Era advogado militante, formado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, em 1964. Ele foi industrial e comerciante de sucesso comprovado. A sua família desengavetou uma coletânea de poesia, que foi publicada pela Millennium, com a colaboração da Editora COTRIM, com o título “Ver si ficando, vamos...”. Corbiniano Rodrigues de Aquino ocupou a Cadeira N. 27 da Academia Montes-clarense de Letras, que tem como patrono Cícero Pereira. Hoje ele é patrono da Cadeira N. 25 do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Morreu no dia 30 de janeiro de 1987.