Estamos, mais uma vez, diante de uma obra literária da confreira Zoraide Guerra David. Nota-se que nada é diferente do que ela já vem produzindo nas letras montes-clarenses. Em vista disso, possamos agora dizer que há tempo que um livro de prosa e verso não produzia sobre o nosso entendimento uma emoção tão marcante como esta. Nada obstante a isso, sabemos também que a autora Zoraide, de espírito ascético e de alma intimorata, é um exemplo mesofático da escrita, assim como foi o seu saudoso pai, o poeta José Patrício Guerra, na abordagem brilhante sobre a valorização da família.
Falar dos antepassados com a saudade imorredoura é o delírio de suas horas. Falar dos filhos e dos netos, com a alegria diletante do momento presente, faz do coração amado um agente da emoção protetora. Falar dos tempos, passado, presente e futuro, ao lado do amado Ayer, somente sugere aos distintos leitores a presença de Deus. Os livros de Zoraide são um ensaio feliz em muitos conceitos da ordem familiar, pois eles mostram possuir a qualidade especial do gênero íntimo. Os seus textos (prosa) e os seus poemas (versos) são bem estruturados no elogio familiar. Aliás, a escrita de Zoraide retrata com fidelidade o amor e o carinho de uma mãe zelosa para com os seus rebentos e os descendentes de seus queridos rebentos.
Das muitas de suas obras podemos citar aqui algumas que fazem coro com o “Amor e Humor: um presente para os meus netos”. Vejamos: “Patrício Guerra: vida e obra”; “José Patrício Guerra: o polivalente guerreiro” e “Amor e Humor: festejando a vida de Ayer”, livro que antecede e que agora está sendo complementado com o registro em questão. Para essa publicação a autora utilizou de todos os recursos fornecidos pela ciência da genealogia e a ela dedicou o cuidado essencial nas coletas de informações sobre os seus antepassados. Pesquisando outros livros, encontramos a seguinte anotação de João Camilo de Oliveira Torres sobre os estudos da genealogia. Diz ele que “um falso igualitarismo tornou ridículos estes estudos entre nós. Como se a única utilidade da genealogia fosse provar fidalguias. Também contribuiu muito o receio bem fundado de ver árvores frondosas e ilustres, com raízes na costa da África, ou em terrenos não adubados pelos sagrados laços do matrimônio (quando não proveniente de algum coito danado). O Famoso e tão justamente criticado ato de Rui Barbosa mandando por fogo nos arquivos da escravidão deve ter tranquilizado muita gente ilustre, que não queria ter antepassados entrando no país pelo Valongo”. Hoje, os estudos da genealogia têm caráter humanitário e o livro de Zoraide não se lhe perde uma página sequer e em cada uma delas se aprende que o amor aos filhos e aos netos é um legado vivo dos avós e de outros antepassados estimados. Parabéns, confreira Zoraide, pelo livro que você acaba de escrever sobre a sua família. Muito bom e oportuno!