Wendell Lessawendell_lessa@yahoo.com.br

O Zelo de Deus (Êx 20.5) – Parte 2

Publicado em 12/07/2023 às 19:00.

Deus jamais aceitará que seu nome seja desonrado em qualquer hipótese e que outros deuses sejam adorados em lugar dele. Por isso, declarou: “Eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso” (Êx 20.5). Como vimos anteriormente, o zelo de Deus indica seu ciúme por seu santo e glorioso nome. As Escrituras nos fornecem imagens a respeito desse ciúme. 

A primeira imagem do ciúme é a que pertence à aliança entre Deus e o seu povo. O Senhor Deus não aceita que seu povo divida a atenção com nenhum outro: “Eu sou o SENHOR, teu Deus”. A ideia de pertencimento, como de um casal cujos cônjuges se destinam um para o outro, está presente nessa imagem. Somos de Deus, por isso ele não aceitará que adoremos outros deuses. 

A segunda imagem sobre ciúme é aquela que representa a ferocidade de um guerreiro que sai para a batalha. Isaías 42.13 nos mostra essa imagem: “O Senhor sairá como homem poderoso, como guerreiro despertará o seu zelo; com forte brado e o grito de guerra triunfará sobre os seus inimigos” (Is 42.13). Essa imagem nos mostra que Deus é um guerreiro altamente qualificado para a batalha e sairá com vingança feroz e poder destruidor contra todos os seus inimigos. 

A terceira imagem é a que representa o ciúme como fogo, quer seja o fogo do amor ou da ira. Em Cantares de Salomão, lemos que “o amor é forte como a morte, e o ciúme é duro como a sepultura”. Em Deuteronômio 4.24, lemos que “Deus é fogo que consome, é Deus zeloso”. Essa imagem mostra um Deus que é intenso em suas afeições, que está sempre presente com seu fogo abrasador e seu juízo perfeito. 

Em todas as imagens, há um aspecto comum: o ciúme de Deus é sua afeição intensa, seu desejo mais completo, sua aspiração mais preciosa, que garante o cumprimento de todos os seus decretos. O Senhor Deus é intenso em suas perfeições. Ele arde para cumprir todos os seus propósitos. Há em Deus um fogo consumidor que está sempre acesso para levar adiante todos os seus desígnios. Por isso, o salmista Davi afirmou no salmo 19 que o Senhor é como o Sol que sai dos seus aposentos e percorre como herói seu caminho e nada pode se esconder do seu calor (Sl 19.5). Sofonias 3.8 afirma que “o fogo do zelo do Senhor devorará todas as nações”. 

Desse modo, ao apresentar-se como Deus zeloso, Deus ciumento, nosso Senhor indica que empregará todo seu calor e toda energia de seu poder para garantir que seu nome seja mantido santo. Por isso, ele não admitirá que os homens destruam seu puríssimo caráter manchando sua honra e ofuscando sua glória em objetos feitos por mãos humanas. 

Criar imagens de qualquer das pessoas da Trindade é poluir a santidade de Deus. Reduzir todo o poder divino em pedaços de madeira ou pedra ou cera, ou mesmo em construções mentais, é inverter o Criador com a criatura, fazendo da criatura criadora do próprio Deus. Somente o zelo de Deus por seu próprio nome, o santo ciúme de Deus contra a poluição de seu nome é que podem impedir que os homens fabriquem imagens para si com o intuito de adorá-las no lugar de Deus. 

Christopher Wright escreveu que “um Deus que não fosse ciumento... seria tão desprezível quanto um marido que não se importasse se a esposa lhe fosse infiel... o ciúme é o amor de Deus se protegendo”. Deus se ama de tal maneira que tudo quanto faz é por amor do seu próprio nome: “Não por nós, Senhor, mas ao teu nome dá glória” (Sl 115.1).

Quando amamos e honramos verdadeiramente o Senhor, cuidamos de seu glorioso nome e não permitimos que o santo nome de Deus seja maculado. Foi por preservar santo o nome e a reputação de Deus Pai, que nosso Senhor Jesus Cristo arrastou com chicotes os vendedores do templo. 

O salmista havia antecipado as palavras de Jesus Cristo: “O zelo da tua casa me consumiu” (Sl 69.9). Também no salmo 119.139: “O meu zelo me consome”. E em Ezequiel 39.25: “Terei zelo pelo meu santo nome”. 

É por amor ao seu próprio nome que o Senhor Deus nos ordena adorar somente a ele (primeiro mandamento) e da maneira correta (segundo mandamento). Não devemos, portanto, adorá-lo por meio de nossas próprias imaginações, mas conforme ele mesmo deseja ser adorado. 

A Segunda Confissão Helvética, elaborada em 1562 por Heinrich Bullinger, publicada em 1566 por Frederico III da Palatina, adotada pelas Igrejas Reformadas da Suíça, França, Escócia, Hungria, Polônia e outras, afirma o seguinte: 

Somente Deus deve ser adorado e cultuado. Ensinamos que somente o verdadeiro Deus deve ser adorado e cultuado. Esta honra não concedemos a nenhum outro, segundo o mandamento do Senhor: “Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10). Sem dúvida, todos os profetas censuraram severissimamente o povo de Israel todas as vezes que este adorou e cultuou deuses estranhos e não o único Deus verdadeiro. E ensinamos que Deus deve ser adorado e cultuado como ele mesmo nos ensinou a cultuá-lo, a saber, “em Espírito e em verdade” (Jo 4.23 ss), e não com qualquer superstição, mas com sinceridade, segundo a sua Palavra; para que, em tempo algum, não venha ele a dizer-nos: “Quem vos requereu o só pisardes os meus átrios?” (Is 1.12; Jr 6.20). São Paulo também diz: “Deus não é servido por mãos humanas, como se de alguma cousa precisasse”, etc. (At 17.25).

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por