O pastor Mark Jones afirmou que “adoração sem conhecimento é idolatria”. Portanto, uma adoração genuína conforme exigida por Deus só é possível depois de um conhecimento verdadeiro a respeito de quem é Deus, de todos os seus atributos e perfeições. Quando os homens adoram um deus falso, fabricado conforme seus instintos, eles cometem a mais abominável idolatria, porque desconsideram o verdadeiro Deus a quem deveriam adorar. Por essa razão, Deus não apenas nos ordena que não façamos qualquer imagem a respeito de si mesmo, mas nos oferece um motivo-básico fundamental para isso: “Eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso” (Êx 20.5).
Falar das perfeições de Deus é algo grandioso demais para qualquer ser humano. Nenhum ser humano pode penetrar nas profundezas mais secretas de Deus. Somos tão limitados que é simplesmente impossível sequer desejarmos de maneira santa o conhecimento completo de Deus. O pastor Calvino afirmou: “A majestade de Deus é muito alta para que nela penetrem os mortais que, como pequenos vermes, rastejam sobre a terra”.
Ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, o Senhor Deus nos concedeu parte de suas perfeições. Falamos dessas perfeições em Deus e nos seres humanos como afeições. Jonathan Edwards afirmou que as “afeições são a mola que põe o ser humano em ação em todos os assuntos da vida e o faz comprometer-se em todos os seus empreendimentos”. Elas são a fonte das vontades humanas. Tudo o que fazemos parte de nossas afeições.
Ao nos criar com afeições, o Espírito do Senhor colocou em nosso espírito propriedades afetivas, como amor, misericórdia, bondade, justiça. Essas afeições foram destruídas em razão da Queda e, por isso, elas só podem ser reconstruídas na conversão, quando somos recriados em Jesus Cristo para voltarmos a adorar o Pai em espírito e em verdade. Todavia, ainda que atingidas pelo pecado, e por qualquer ser humano possuir a imagem de Deus, todos nós percebemos as perfeições de Deus no caráter das pessoas. Por isso, vemos, mesmo entre os ímpios, aqueles que são bondosos, amorosos e justos. Contudo, essas manifestações afetivas estão corrompidas pelo pecado e, por essa razão, as perfeições humanas que deveriam glorificar a Deus se distanciam desse alvo e produzem as mais abomináveis idolatrias.
O Senhor é grandioso em todas as suas perfeições. Qualquer dos atributos de Deus não são complementos à sua personalidade, como em nós, mas são perfeições que pertencem inerentemente a ele. Ao falarmos que Deus é amor, estamos dizendo que o amor existente neste mundo nasce genuinamente em Deus; ao falarmos de bondade, dizemos que toda bondade existente procede de Deus; ao apresentarmos a justiça, afirmamos que toda justiça é proveniente de Deus. Nada do que existe pode existir fora de Deus. Ele preenche o mundo com a reunião de todas as suas perfeições. E todas essas perfeições só podem ser conhecidas por nós na pessoa de Jesus Cristo, que é quem nos revela Deus.
O pastor Mark Jones afirma que “sem Cristo, os atributos divinos permanecem sem sentido para nós. Só em Cristo podemos entender o verdadeiro Deus vivo, pois Cristo torna os atributos de Deus belos e acessíveis a nós ao resgatar-nos das trevas espirituais e do terror de Deus”. De fato, em Cristo podemos ver as perfeições do Pai.
No terceiro mandamento, “não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão”, nosso Senhor nos ordena a respeitar seu zelo por todo seu ser e perfeições. Deus se revela como um Deus zeloso. A palavra zelo (qann’a, no hebraico) significa “ser ciumento”. Ao falarmos de ciúmes, temos em mente nossa própria paixão, e geralmente pensamos em uma paixão incontrolável, quase sempre irracional e indesejável, que pode levar a sérias consequências. Contudo, as Escrituras nos apresentam três imagens sobre o ciúme: a primeira, e mais importante, é aquele ciúme que pertence a um marido zeloso pelo relacionamento exclusivo com sua esposa. Ele nunca aceitaria que qualquer outro homem possuía sua esposa. Deus também não aceitará que seu nome seja desonrado em qualquer hipótese.
Continua...