“Nossas escolhas produzem consequências. Por essa razão, devemos escolher virtudes e não vícios. Nossos hábitos devem ser governados pelo Senhor. Nosso coração deve estar centrado na vontade dele...”
Somos naturalmente inclinados a proteger a nós mesmos e a esconder nossos defeitos diante das pessoas. Esse processo de autoproteção é típico de todo ser humano que se envergonha de seus próprios erros. Todos nós a tendência de “dar desculpas” pelos nossos fracassos. Quase sempre, culpamos outras pessoas ou as circunstâncias. É quase impossível, contudo, voltarmos nossos lamentos para nós mesmos e nos responsabilizarmos por nossas más escolhas. Isso aconteceu com Adão ao pecar contra a lei do Senhor. Ele preferiu se esconder em vez de assumir seu erro, responsabilizar-se e se dispor a lidar com as consequências. Adão demonstrou o que todo mundo de lá para cá faz: esconder seus erros, não assumir suas responsabilidades, na tentativa de escapar ou pelo menos minimizar as consequências de suas escolhas.
No caso de Adão, não funcionou. No nosso caso, também não funciona. Deus encontrou Adão e o responsabilizou pela opção errada que ele escolheu. Aliás, não somente Adão, mas todos aqueles envolvidos na trama. O Senhor é justo, e ele nunca aplica sua disciplina com a dosimetria injusta. Ele sabe o que todos nós merecemos e nos disciplina em razão de nossas escolhas. Claro que o Senhor é também misericordioso e compassivo e, por isso, não aplica sobre nós toda a punição merecida de nosso erro. Se ele fizesse isso, nós sequer existiríamos. Como afirmou o profeta Jeremias, “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã” (Lm 3.22-23). Não fosse a misericórdia do Senhor sobre nós, sequer estaríamos vivos. Apesar dessa misericórdia ativa sobre nós, somos também responsáveis pelo que fazemos.
Nossas escolhas produzem consequências. Por essa razão, devemos escolher virtudes e não vícios. Nossos hábitos devem ser governados pelo Senhor. Nosso coração deve estar centrado na vontade dele, expressa em sua Palavra. Se Adão tivesse ouvido a Palavra de Deus e guardado os mandamentos do Senhor em seu coração, ele não sentiria vergonha, não se esconderia e não jogaria a culpa nos outros. Se Adão tivesse amado o Senhor mais do que a si mesmo, ele não teria atraído sobre si o sentimento de culpa e, portanto, não se esconderia a fim de se proteger.
O escritor dos Provérbios nos ensina o caminho para a vida: guardar o ensino do Senhor. Parece-nos muito claro que a opção contrária trará resultados bem diferentes. Por isso, “aquele que abandona a repreensão anda errado” (Pv 10.17b). Adão optou por não guardar o ensino do Senhor. Ele optou por seu próprio caminho. Adão abandonou a repreensão, no sentido de que não foi capaz de perceber que a desobediência a uma ordem expressa de Deus resultaria em sinistras consequências para ele e sua família. Assim também todos nós, quando, em vez de darmos ouvidos à verdadeira e justa instrução, inclinamos nossos corações e agimos contrariamente à ordem de Deus. Atraímos sobre nós as terríveis consequências da desobediência. Isso aconteceu com Jonas.
Ao desobedecer ao chamado do Senhor, Jonas atraiu sobre si tempestades (Jn 1.4), medos (Jn 1.5), letargia espiritual (Jn 1.7) e vergonha pública (Jn 1.8-9). Na tentativa de se esconder do Senhor, Jonas atraiu sobre si a vergonha. A desobediência nunca é o melhor caminho. Fazer as coisas de nosso jeito nunca é a melhor escolha. Nossos caminhos não são os caminhos do Senhor, porque os pensamentos dele são bem mais altos que os nossos pensamentos (Is 55.8-9).
A fim, portanto, de evitarmos todo esse processo de autoproteção e desculpas, é preciso aprendermos a depender do Senhor e de sua Palavra. Em vez de produzir desculpas, culpando os outros ou as circunstâncias, ou até mesmo Deus, devemos nos arrepender de nossos maus caminhos e nossa autossuficiência, assumir nossa responsabilidade e nos convertermos ao Senhor. O caminho para a vida é o caminho do arrependimento e do compromisso de uma nova vida. O caminho para a vida é o caminho do discipulado de Cristo, ao aprendizado da verdade e da sabedoria.
Soli Deo Gloria!