O Filho Unigênito que está acima de todo principado e de toda potestade. É esse Cristo que o trecho de Hebreus 1.4-14 apresenta: o Cristo que é maior do que todos os demais seres celestiais, por mais poderosos e nobres que sejam, por mais sublimes que se manifestem e por mais brilhantes intelectual ou moralmente que sejam.

E o escritor aos Hebreus aponta três distinções de autoridade e supremacia entre Cristo e os anjos.

1.Anjos são apenas seres celestiais que servem a Deus; Cristo é o seu Filho (1.5):
Deus nunca disse a um anjo “você é o meu filho, eu hoje gerei você”. Cristo é o Filho Unigênito do Pai. Ele é o Filho amado no qual Deus tem todo o prazer. Aqui o escritor aos Hebreus três textos do Antigo Testamento que se referem a Davi e a Salomão: Salmo 2.7, 2 Samuel 7.14 e 1 Crônicas 17.13. As referências a Davi, obviamente, não visam comparar Davi aos anjos ou Cristo a Davi, mas, de modo simbólico, apontar para a linguagem santa de Jesus Cristo, Filho de Davi, que habitou entre nós, cheio de graça e de verdade e vimos sua glória, como o Unigênito do Pai (Jo 1.14).
Portanto, Cristo é maior que os seres humanos e os seres humanos maiores que os próprios anjos, porque são objetos do amor sublime salvífico de Deus manifestado em Cristo Jesus. Deus amou o ser humano de tal maneira que deu o seu próprio Filho, o Unigênito (Jo 3.16). E essa relação de amor é construída no relacionamento em família: Pai e Filho. Se somos filhos, somos herdeiros com Cristo. Temos um Pai que está nos céus, o “Pai Nosso”, a quem podemos nos dirigir em quaisquer momentos, porque ele distintamente nos ama mais que os próprios anjos.

2.Anjos são adoradores do Rei; Cristo é o Rei que deve ser adorado (1.6-12):
Os anjos não devem ser alvos de adoração. Não há “cultos a anjos”. Eles são seres importantes e distintos na criação, mas mesmo eles, com toda distinção, não devem ser adorados por nós. Somente Cristo deve ser adorado. 
O escritor aos Hebreus cita novamente vários trechos do Antigo Testamento, para demonstrar que Deus, desde antes em Israel, anunciava um modelo de adoração exclusivamente focada no Filho, uma adoração cristocêntrica: Deuteronômio 32.43; Salmo 104.6,7; Salmo 102,25-27.
Os textos novamente fazem referência a uma tipologia em seres humanos que representavam a autoridade divina. Reis, como Davi, que assumiam a referência de representarem a linguagem santa e divina de Jesus Cristo.
Os textos dizem que os anjos devem adorar e não ser adorados, eles são “ministros”, “ventos”, “labaredas de fogo”, mas Cristo é muito maior do que eles, porque Cristo está assentado no alto e sublime trono para reinar e governar. O reinado de Cristo é “eterno” (1.8) e “justo” (1.8b; 9). Cristo recebeu a autoridade diretamente do próprio Deus para reinar, ele foi ungido por Deus e, por essa razão, não há outro Rei além dele. Cristo é o “criador” do Universo (1.10); ele é “eterno”, contrariamente ao que é criado (1.12) e é “imutável” (1.12c). Em tudo isso, Cristo é maior do que qualquer ser celestial.

3.Anjos são ministros de Deus para cumprirem suas ordens; Cristo é o Senhor que governa (1.13,14):
Nenhum anjo recebeu de Deus autoridade para ter sob seus pés os inimigos. Cristo, ao contrário, reina, e haverá um dia no qual “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor” (Fp 2.10,11), porque “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9).

Cristo ordena aos anjos que cuidem dos seus irmãos, nós, que somos os outros filhos de Deus, enxertados nele, por meio de Cristo. O escritor aos Hebreus diz: “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (1.14). Ora, os anjos, portanto, são servos de Cristo para ministrarem aos nossos corações e para nos guardarem de tropeços. Eles são ministros de Deus para servirem a Jesus Cristo na tarefa de nos manter no caminho, por isso eles estão ao redor dos crentes para que eles não caiam. “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra” (Sl 34.7). Cristo está conosco por meio de seus anjos que devem servi-lo nessa tarefa de cuidar de nós.

Assim, com essas três distinções de superioridade, vemos o quanto Deus nos amou em Cristo Jesus e o quanto o próprio Cristo nos ama, a ponto de destinar de toda sua glória e majestade, de sua soberania e poder, para nos fazer nobres e os principais em seu plano eterno de redenção. Nem mesmo os anjos receberam dele tão grande e distinto amor. Somente os que creem no seu nome podem ser alcançados por seu governo e terem a guarda angelical trabalhando em seu favor.

Louvado seja Deus em Cristo Jesus que, por meio de seus anjos, sendo ele maior do que esses, nos guarda de todo o mal, nos protege de tropeços e nos governa, em nossos corações e pensamentos, desejos e intenções.