Os cristãos devem demonstrar características distintivas no mundo. Não porque se considerem melhores, mas, ao contrário, porque se consideram dependentes de um Deus salvador. Por isso, devem desejar testemunhar às pessoas uma vida semelhante à de Cristo.
A terceira marca distintiva do cristão é o modo como ele trata o seu casamento (Hb 13.4) ou sobre nossa sexualidade. O escritor nos diz que o casamento é o único meio para corrigir os nossos desvios. Há quem interprete o texto aqui como uma exortação apenas aos casados, a fim de que eles tenham uma vida honrada e santa no casamento. O casamento deve ser honesto, baseado no amor genuíno, cheio de lealdade, fidelidade e companheirismo. Ele foi instituído por Deus para o benefício de todas as pessoas, não apenas os cristãos (“digno de honra entre todos”). Então, o casamento é uma bênção do Senhor para o ser humano. No casamento, experimentamos as virtudes do próprio Deus, como amor, perdão, fidelidade, bondade, compaixão, e recebemos ainda o deleite, o prazer, que devem ser experimentados com alegria e gratidão.
Mas parece que o contexto quer indicar outra questão, que é a principal intenção do escritor: contrastar a forma monogâmica do casamento com quaisquer outras formas de relacionamentos sexuais. Aqui ele menciona fornicação e adultério, e diz que Deus julgará os impuros. Fornicação é toda forma de pensamento e ato sexual fora do casamento (entre namorados, por exemplo); adultério é o ato sexual com outra pessoa que não o cônjuge; e impureza é todo tipo de comportamento sexual que não esteja autorizado pelas Escrituras. Então, a exortação aqui é bem genérica e ao mesmo tempo específica no sentido de dizer: o casamento é a única forma segura e cristã de se relacionar sexualmente com outra pessoa. Como temos pensando nisso? Como temos tratado os nossos casamentos? Valorizamos de verdade essa bênção do Senhor ou nos descambamos para caminhos não prescritos por Deus?
A quarta marca distintiva do cristão é o modo como ele se relaciona com o dinheiro (Hb 13.5,6) ou sobre nossa mordomia, que é como administramos os recursos que Deus nos deu. Aqui ele subdivide as instruções: primeiro, ele diz: não devemos ser avarentos. Avarento é alguém que se apega excessivamente ao dinheiro, que trabalha para juntar dinheiro, que come pensando no dinheiro que está gastando, toma um suco na lanchonete pensando no quanto custou, viaja cinco quilômetros de sua casa para colocar combustível no posto que esteja fazendo uma promoção de 0,10 centavos no etanol. É o oposto do “gastão”. É o popularmente conhecido por “pão duro”. Não devemos ser conhecidos por sermos avarentos, gananciosos. Devemos usar bem o nosso dinheiro, mas não devemos jamais colocar nele o nosso coração. O dinheiro é bom, mas o amor a ele pode gerar em nós muitos males.
A segunda instrução é que devemos viver contentes com o que temos. Agora o autor nos ensina a não colocarmos os nossos corações no que ainda não temos. Não devemos ser avarentos, não devemos ter inveja das pessoas, mas devemos ser gratos a Deus por aquilo que ele nos tem dado. Temos viver contentes em toda e qualquer situação. Como Paulo afirmou, “... pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4.11-13). A ênfase de Paulo e também do escritor aos Hebreus é que nós devemos descansar no Senhor quanto ao nosso sustento, nos lembrando das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros, e vosso Pai celestial as alimenta; não valeis vós muito mais do que elas? Qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um cúbito à sua estatura? Por que andais ansiosos pelo que haveis de vestir? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam, contudo vos digo que nem Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles” (Mt 6.26-29).