Montes Claros bem como todo Norte de Minas amanheceu na terça-feira triste e cinzenta, com a notícia do falecimento do ex-prefeito Humberto Souto. Nestes meus 45 anos como jornalista tive a oportunidade de conviver com Humberto Souto, inclusive quando deputado encontrávamos constantemente nos finais de semana no Restaurante Skema Kent para colocar assuntos da política em dia. Um dos orgulhos foi ter recebido declarações de Souto de ser a coluna PRETO NO BRANCO, uma de suas leituras diárias e até mesmo se orientava quando das críticas. Quanto falar da Souto como político, acaba sendo uma redundância, já que sua história ultrapassou as fronteiras da região, seja como deputado, como ministro do TCU seja como prefeito de Montes Claros. Quis o destino que Humberto Souto tivesse tido a oportunidade de realizar o seu principal sonho que foi de governar a cidade em que nasceu, sendo considerado um dos melhores prefeitos de todos os tempos.
Novela sem fim
A realização de audiência pública em Montes Claros na tarde de segunda-feira (03) para ouvir a população sobre a concessão da BR-251 (privatização) se transformou num momento de esperança para o Norte de Minas, mas ao mesmo tempo vem cercada de dúvidas e de incertezas. Primeiro de que todo o processo começa em 2026, ano de eleição, na véspera do presidente Lula (PT) completar o seu Governo. Se não bastasse a elaboração dos projetos, licenças ambientais, o prazo para início das obras é de três anos, ou seja, no mínimo em 2029. Se não bastasse, o projeto prestigia mais a BR-116 que além de menor extensão é menor o número de acidentes. Também a duplicação de pista na BR-116 é três vezes maior que a BR-251 que é de apenas 24 quilômetros.
Novela BR-251
Pelo visto a única certeza em relação a licitação da BR 116/251-MG é de que acontecerá em 2026, permitindo que o Governo Federais receba pela licitação sem a garantia de que o grupo continuará no poder em 2027. A obra está orçada em R$ 7,2 bilhões de investimento e, se conseguirem, somente será concluída num prazo de sete anos. Já de inicio da assinatura do contrato serão montadas as praças de pedágio, com tarifas entre R$ 12 e R$ 15 reais. O resumo é que a população vai financiar a obra, pagando antes mesmo de ser realizada.
Serras da morte
Quem participou da audiência pública realizada em Montes Claros pela ANTT, para discutir a concessão da BR-251, ficou sem entender o fato da Serra de Francisco Sá, local com maior índice de acidentes, na maioria fatal, ter ficado fora da duplicação. Certamente está sendo retirado do projeto devido aos custos, já que o local é muito acidentado. A conclusão é de que as vidas que estão sendo ceifadas naquele local é menos importante de que o investimento na solução do problema.