Terezinha Camposterezinhaorquidea@gmail.com

Um banquete literário

Publicado em 16/05/2024 às 19:35.

Esse foi o nome que encontrei para o Flam: Festival Literário do Autor Montes-clarense, que transcorreu no período de 6 a 11 de maio, na Galeria Godofredo Guedes, no Centro de Extensão e Cultura Dr. Hermes de Paula.

Foi um banquete faustoso cujas iguarias se escondiam nos livros de vários autores montes-clarenses expostos numa livraria organizada em que todos podiam apreciar e comprar para deleitarem-se numa leitura sadia e à disposição de todos.

Um banquete em que todos desfrutavam de iguarias finas em pratos variados: como livros infantis, infanto-juvenis e os manjares tradicionais para os adultos.

Fiquei encantada com o brilho nos olhos dos escritores e leitores acompanhando o interesse dos que ali se encontravam. De longe eu meditava: o livro, que instrumento poderoso e bom! E percebi que ali estava ao alcance de todos.

Ali a libertação se fazia sentir através da promoção do Flam-Festival Literário do Autor Montes-clarense, que teve o apoio da Academia Montes-clarense de Letras e da Academia Feminina de Letras sob o assentimento dos respectivos presidentes professor Edson Andrade e da Júnia Veloso Rebello; daí prosseguiu-se a liberdade de tantos quantos ali compareceram através de um dos processos políticos dos mais legítimos de nosso país, pois para ali foram tantos quantos desejaram independente da situação financeira, do nível acadêmico, da projeção social ou do credo religioso; para ali afluíram todos, todos quantos puderam e ali apreciaram a beleza de ser escritor e leitor.

A literatura é um ato libertador, porque o ler nos faz saber o que se passa ao nosso redor.

Quem lê sabe mais; quem lê questiona melhor; quem lê sabe o que está acontecendo; quem lê é até mais respeitado pois sabe o que está se passando para acudir da melhor maneira as situações expostas. Ela liberta porque ela vem ao meu encontro, enquanto gente fazendo-me entender a ideia do outro, a sua dificuldade e o seu desejo de emancipação: política, religiosa, social, psicológica e artística.

É preciso ampliar o acesso à literatura, bem como valorizar a arte e a história a partir das palavras. A arte literária precisa ser de fácil e amplo acesso.

A literatura é uma arte e a arte está dentro de cada um de nós, que buscamos transcrevê-la em textos, desenhos, jograis, coros falados e música. É uma riqueza imensurável, indescritível e apaixonante.

No encerramento do Flam a escritora Kárita, autora do livro infantil Jacareca fez uma colocação corajosa no lançamento do seu livro. Ela disse: já não se ensina Arte na escola, ensina-se Português, Matemática para o Enem, mas precisamos e eu digo com urgência ensinarmos a solidariedade, o amor, o respeito, o equilíbrio, que já não vemos em nossos dias.

Outro lançamento fantástico foi o da Ellen Santa Rosa do Trilha de Leitura.

Ela trouxe à baila fragmentos de seu tempo de criança com a sua vovó Zefa. 

Segundo ela a vovó Zefa fazia um chá de capim santo, erva cidreira e de outras ervas, e esses chás feitos no fogão de lenha ela os oferecia às pessoas, que por ali passavam: se estava cansado, desanimado ou triste para cada um vó Zefa tinha um chazinho. Agora percebam a riqueza incomparável da literatura: no lançamento do livro ela me reportou aos meus idos de criança, quando minha mãe num fogão de lenha fazia chá para nós. Ela tinha em nosso quintal touceiras de capim santo, erva cidreira, puejo e hortelã. E hoje eu os tenho no meu quintal e acrescento alfavaca, temperão e hortelã graúdo.

E nós que acreditamos na literatura, que gostamos de ler temos que estabelecer Um País Chamado Literatura e fazermos residir nele os que acreditam na transformação operada pelo gostar de ler e voltarmos a um passado distante, mas que está latente em cada um de nós fazendo-nos lembrar de um tempo entrecortado de memórias, de alegrias, de vivência e de amor uns pelos outros.

O Flam foi encerrado com a música Saudade do Leandro Borges.

E muitas lágrimas rolaram pelas faces. Que essas lágrimas segurem os próximos Festivais, carregando os preconceitos, mas entretendo em cada coração a fé, a paz, a esperança e lavando de nossos cérebros os pensamentos negativos, que bitolam o crescimento e a liberdade do sentir e do viver.

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