Todos nós, desde que fomos gerados, recebemos uma missão. Temos uma missão. Alguns desempenham a missão que lhes fora confiada mais ou menos, sem muito apreço, sem dedicação, sem a beleza da qualidade. Outros desenvolvem-nas deixando-as pelo meio do caminho, como algo de somenos importância. Outros desenvolvem-nas cabalmente de forma intensa observando cada detalhe, lutando para que se flua um resultado positivo.
Marina Helena Fernandez Silva chegou a Montes Claros e apaixonou-se pelo sertão. Mulher refinada de dotes bem peculiares viu em Montes Claros uma cidade promissora, onde a arte e a cultura já se faziam observar nas festas populares, na feitura dos versos formando poesias, na declamação e no canto do povo montes-clarense.
Ela viu os catopês, leu os escritos de Plínio Ribeiro dos Santos, a declamação e oratória de Simeão Ribeiro Pires, ela conheceu a professora Dulce Sarmento. Então, ela sonhou para Montes Claros uma Escola de Música, o Conservatório de Música para Montes Claros.
Foi uma missão difícil. Ela se deparou com a descrença. Chegaram a dizer-lhe que Montes Claros era uma região absolutamente pastoril, sem nenhuma inclinação para a arte e a cultura. Era então prefeito de Montes Claros o doutor Simeão Ribeiro Pires e, no dia 14 de março de 1961, ele ordenou-lhe dizendo: “Faça um Conservatório”. Então Marina Silva adotou alguns métodos: coordenação, cooperação, aprovação e comunicação. O trabalho de um se completava com o serviço do outro.
E o Conservatório de Música começou na rua Afonso Pena, mudando-se depois para a rua Doutor Veloso, no antigo Clube Montes Claros, tendo um anexo na rua Coronel Antônio dos Anjos para atender ao número de alunos.
Em 2012 foi inaugurado seu prédio próprio ali num bairro nobre da cidade, no Jardim São Luiz, num prédio imponente comunicando que não há nobreza maior do que uma instituição de ensino.
Depois, o Conservatório Estadual de Música gerou a Faculdade de Artes/Música, na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), gerou o Grupo Banzé, que leva o sertão longínquo para o mundo; o Grupo Zabelê, lindíssimo com danças e cantigas do sertão brasileiro; ainda o teatro e a Orquestra Sinfônica de Montes Claros.
O Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez de Montes Claros é um dos processos políticos dos mais legítimos de nosso país, porque nele estudam tantos quantos queiram, independentemente da situação financeira, projeção social, nível acadêmico ou credo religioso. E é por isso que agradeço a Deus porque um dia Ele teve a linda ideia de criar dona Marina e trazê-la para os claros montes de minha querida Montes Claros e fundar nela uma escola de música.
Sou grata, mui grata a Deus por esta overqualified, esta mulher acima da média, muito qualificada com coragem para enfrentar o seu dia a dia qualificando outros para a realização de seus sonhos.