Mara Narciso

Renilson Durães e “Persona Paradoxo”

Publicado em 10/02/2025 às 19:00.

Alimento oferecido, alimento saboreado. Com capa Freepik, eis em minhas mãos “Persona Paradoxo”, o segundo livro solo de Renilson Durães, poeta, professor, iogue e escritor. Gentil, não quer ser visto como uma pessoa boa. Ao explicar a nomeação do seu produto, diz que se mostra como persona, um personagem criado por ele, e quer, através da sua produção, mostrar-se como realmente é. Em conversa particular, seu argumento é um pedido de desculpas, que de mim recebe uma quase súplica para nada explicar nem justificar. Convença-se que é grande e pronto! O título sugere que há muitos seres em um só; um personagem para cada demanda.

Em 2022, no 1º FLAM – Festival Literário do Autor Montes-clarense, lançou “Dourado e Rubro”, e parecia retratar-se, pedindo absolvição pela audácia de produzir poesia. Era um caminhante de muitos poemas e performances em, até ali, 36 anos de Psiu Poético. Sem lhe fazer nenhum favor, diante de seus versos, invalidei suas boas desculpas.

Em um ambiente a meia luz, reuniram-se cerca de 40 pessoas interessadas em ouvir poemas, num clima festivo de congraçamento, com espaço para homenagear o grande compositor Charles Boavista, gravemente enfermo, que partiria no dia seguinte. “Conversos” é lugar apropriado para a invasão de poesia e outros gêneros literários, com silêncio relativo, árvores, livros, discos, sinuca, bom atendimento, tira-gostos e drinks na medida certa.

Ali reinaram Renilson Durães e seus poemas, mostrando-se inteiro com direito a mencionar, depois do autógrafo, seu primeiro emprego na banca de jornais de Rui Hitler. Naquele local passou a ler o produto vendido, em especial os censurados e recolhidos pela polícia como “O Pasquim”. Foi quando começou a edificar sua consciência política, o entendimento de quem era, e o que poderia ser feito para reconquistar os direitos políticos roubados pela Ditadura Militar.

Afirmou-me ter sido um menino unicamente “da roça” até os 14 anos, com baixa escolaridade, quando veio trabalhar em Montes Claros, pois nasceu no distrito Mocambo Firme.

Como não sou crítica literária, só posso dizer “gostei”, ou “não gostei”, mas rebelde que cumpre todas as regras, como me disse minha prima Simone Narciso Lessa, eis-me audaz, uma característica típica de Renilson Durães, segundo seu livro, um executor de transgressões. Homem inquieto e pulsante, seus poemas mostram sentimentos extremos, já que visita, de forma soberba, crises existenciais momentâneas, indo de um extremo ao outro, sua proposta no novo livro.

O prazer começa ao manuseá-lo, ao olhar a capa, avançar em análises do autor feitos pela escrita fina da mestra Karla Celene que nos oferece um prefácio que se soma ao conteúdo do livro.

Para desnudar-se em público é preciso coragem e ter o que dizer, assim, a filosofia de vida de Renilson Durães pode ser saboreada pelos que quiserem consumir poemas claros, diretos e de qualidade: “Busca ou teimosia/ Inquietações d’alma/ Angústia cortante/ A pele se enrugando/ Mais um dia tentando/ Um outro dia sangrando...” Tudo deu certo no lançamento. Que venham mais personagens!

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