‘Tudo que é grande já foi pequeno um dia. “Na volta a gente compra” - o novo canal do YouTube de Helder Maldonado e sua esposa Ana Amorim Maldonado tem cinco mil seguidores e fala de problemas familiares, perdas e traumas. A ironia do nome é promessa vã, pois se menciona algo que não acontecerá. Helder Maldonado e Marco Bezzi têm o grande canal “Galãs Feios” na mesma plataforma com um milhão e setenta mil inscritos, com live de segunda a sexta-feira às 15h15m. São auxiliados nas quartas e sextas-feiras por César Calejon. Falam de política progressista, mostram vídeos bizarros, fazem análises sérias e humor. Há três anos vejo o programa. Nele consigo rir.
Dinheiro de herança e de loteria não fica com quem o recebe. Para um bem durar, em geral, é preciso dificuldade para obtê-lo. Antes de alguém ser há a penação do aprender, porque a vida são sequências de provações e assim se cresce. Pouca coisa cai pronta ao seu alcance, e pela raridade do fato se fala em cavalo encilhado. Vendo-o, monte-o. Seja a partir de uma semente, de um recém-nascido, de um imóvel, é preciso ter força para construir.
Em “Rosinha, minha canoa”, José Mauro de Vasconcelos explica a dor que a semente sente ao desabrochar. Até ser árvore e frutificar, a planta passa por várias metamorfoses ao enfrentar pragas e intempéries. A canoa existe depois de a árvore ser cortada, outro duro golpe.
A mãe sente a dor do parto e a criança, para sair à luz, experimenta um aperto seguido de um susto, daí chorar ao respirar pela primeira vez. Depois vem o passo a passo, sem manual de instruções. Serão seis meses para se sentar, um ano para andar, dois anos para falar frase, sete anos para ler, e outros tantos tempos e percursos para viver.
“Na volta a gente compra” é para se fixar no futuro, já que quase nada é para agora, por exemplo, em nenhum ramo profissional a pessoa se torna ou cai dentro dele feito mágica. Todos exigem aprendizado, mesmo que haja autodidatas e pessoa que crie um caminho completamente novo para ser e viver.
O leque de estradas é interminável e qualquer uma poderá ser citada. São tantas as profissões e dentro delas dezenas de percursos, daí ser difícil definir aonde ir. Enquanto umas ocupações desaparecem, segue-se adiante com outras. Os preparativos podem ser longos e ainda há os que vão direto ao trabalho no campo, sem passar pela escola.
No caso de esforços prolongados, é preciso estimulo frequente, como pensar no objetivo, para que se consiga seguir. No entanto, quem está lutando, abrindo caminho com as mãos, não enxerga o resultado do árduo esforço. Um neurocirurgião se prepara durante onze anos, sendo seis de medicina, três de cirurgia geral e dois de neurocirurgia. Ainda assim poderá sentir-se inseguro ao sair da residência médica.
Diante de dores físicas e emocionais, baseando-se em experiências anteriores, tem-se a certeza de que todas elas passarão. Após resolver a questão internamente, pode-se respirar aliviado, tal qual um maratonista que vence a si mesmo, corre para além de seu limite e conclui a prova. Calma! O bem já vem!